domingo, 30 de abril de 2017

O PLANO DIRETOR PARTICIPATIVO – PARTE 5  


Por: Ilo Jorge de Souza Pereira
Especialista em Gestão Pública e Política.

CONSTRUINDO UM PLANO DIRETOR PARTICIPATIVO - UM POUCO SOBRE A MOBILIDADE URBANA
Mobilidade urbana é a condição em que se realizam os deslocamentos de veículos, pessoas, animais e cargas no espaço urbano de uma cidade. Assim, a mobilidade urbana adequada é obtida por meio de políticas de transporte e circulação que visam a melhoria da acessibilidade e mobilidade das pessoas e cargas no espaço urbano, através da priorização dos modos de transporte coletivo motorizado e não motorizados de maneira efetiva, socialmente inclusiva e ecologicamente sustentável.

No Brasil, a Lei Federal nº 12.587, estabeleceu as seguintes diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana:
  1. integração com a política de desenvolvimento urbano e respectivas políticas setoriais de habitação, saneamento básico, planejamento e gestão do uso do solo no âmbito dos entes federativos;
  2. prioridade dos modos de transportes não motorizados sobre os motorizados e dos serviços de transporte público coletivo sobre o transporte individual motorizado;
  3. integração entre os modos e serviços de transporte urbano;
  4. mitigação dos custos ambientais, sociais e econômicos dos deslocamentos de pessoas e cargas na cidade;
  5. incentivo ao desenvolvimento científico-tecnológico e ao uso de energias renováveis e menos poluentes;
  6. priorização de projetos de transporte público coletivo estruturadores do território e indutores do desenvolvimento urbano integrado, e
  7. integração entre as cidades gêmeas localizadas na faixa de fronteira com outros países sobre a linha divisória internacional.
A Constituição Federal determina, em seu Art. 21, XX, que a União institua “diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos”. O Art. 182, da Carta Magna brasileira, por sua vez, prevê que a política de desenvolvimento urbano executada pelo Poder Público municipal deverá seguir as mencionadas diretrizes fixadas em lei, para que se ordene “o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes”.
Tendo em vista a política de desenvolvimento urbano de que tratam os dispositivos supracitados, a Presidência da República sancionou a Lei Federal nº 12.587, que traz as diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana. 
A lei em questão define e classifica os modos e os serviços de transporte, além de exemplificar infraestruturas de mobilidade urbana que compõem o Sistema Nacional de Mobilidade Urbana. Com efeito, verifica-se a necessidade de que as infraestruturas estejam sempre relacionadas com um planejamento sistêmico, de modo que sejam produzidos benefícios efetivos e proporcionais aos recursos empregados.
Assim como determina a Constituição Federal, os princípios, diretrizes e objetivos da Lei Federal nº 12.587, são de observância obrigatória pelos municípios quando da elaboração de normas. Com isso, garante-se que as políticas e os planejamentos feitos no âmbito municipal estejam em consonância com os demais entes da Federação.
Dentre os princípios que embasam a Política Nacional de Mobilidade Urbana, destacam-se: a acessibilidade universal; o desenvolvimento sustentável das cidades; a equidade no acesso dos cidadãos ao transporte público coletivo; eficiência, eficácia e efetividade na prestação dos serviços de transporte urbano e na circulação urbana, dentre outros. 
(CONTINUAÇÃO DO PROJETO DE LEI)
CAPÍTULO V
DA MOBILIDADE URBANA
Art. 23 - Entende-se por Mobilidade Urbana a articulação e integração dos componentes estruturados da mobilidade - trânsito, transporte, sistema viário, educação de trânsito e integração regional - de forma a assegurar o direito de ir e vir, com sustentabilidade e considerando a melhor relação custo - benefício social.
Art. 24 - São diretrizes da Mobilidade Urbana em Futurópolis:
I - integração da mobilidade à política de desenvolvimento local;
II - priorizar a acessibilidade cidadã - pedestres, ciclistas, pessoas com necessidades especiais e mobilidade reduzida - sobre o transporte motorizado;
III - priorizar o transporte coletivo sobre o individual;
IV - reduzir a necessidade de deslocamento;
V - garantir a fluidez do trânsito, mantendo-se os níveis de segurança definidos pela comunidade técnica;
VI - considerar as questões de logística empresarial no sistema de mobilidade urbana, garantindo a fluidez no transporte de cargas e mercadorias, visando o desenvolvimento econômico;
VII - potencialização e diversificação dos meios de transporte;
VIII - promoção à implantação de estacionamentos e garagens;
IX - minimização dos impactos no espaço urbano, e
X - valorização e hierarquização do sistema viário.
§1º - O Sistema viário municipal abrange as vias, obras e serviços que tem a função de realizar as atividades de comunicação, através do deslocamento de pessoas ou veículos entre as áreas rurais e as áreas urbanas, e entre o município e as cidades vizinhas.
§2º - O Sistema viário urbano abrange as vias, obras e serviços que tem a função de realizar as atividades de comunicação, através do deslocamento de pessoas ou veículos de um ponto a outro da cidade.
Art. 25 - A implementação das diretrizes para a gestão da Mobilidade Urbana municipal será realizada através da elaboração do Plano Municipal de Trânsito.
TÍTULO III
DO ORDENAMENTO TERRITORIAL
CAPÍTULO I
DO MACROZONEAMENTO MUNICIPAL
Art. 26 - O território do município fica dividido em Zonas: Urbana, de Expansão Urbana e Rural.
§1º - Zona Urbana é a parcela do território municipal destinada às atividades listadas na Lei Orgânica Municipal e Lei do Uso e Ocupação do Solo, que passa a fazer parte integrante desta Lei.
§2º - Zona de Expansão Urbana é a parcela do território municipal localizada fora da zona urbana, passível de integração à mesma, mediante aprovação de Lei que justifique a necessidade de ampliação do perímetro urbano.
§3º - Zona Rural é aquela formada pelos espaços não urbanizáveis, destinados à prática da agricultura, pecuária, silvicultura, extrativismo, agroindústrias, conservação dos recursos naturais, turismo e recreação.
§4º - Na Zona Rural não será permitido o parcelamento do solo para fins urbanos, exceto em vilas e sedes distritais, conforme definido em lei própria.
§5º - Somente será permitido o parcelamento de glebas localizadas na Zona Rural quando respeitado o módulo mínimo de 2,0 ha.
§6º - O parcelamento de imóvel rural que resulte em área menor que o módulo mínimo, somente poderá ocorrer mediante licença especial concedida pela Prefeitura.
CAPÍTULO II
DA ZONA URBANA E DE EXPANSÃO URBANA
Art. 27 - As Zonas Urbana e de Expansão Urbana ficam subdivididas, para fins de disciplinamento do uso e da ocupação do solo, nas seguintes zonas:
I – ZR1 - Zona Residencial 1 - Caracteriza-se por densidade moderada, devendo manter suas características residenciais onde podem ocorrer usos comerciais e de serviços não incômodos, respeitando os condicionantes paisagísticos, ambientais e infraestrutura;
II – ZR2 - Zona Residencial 2 - Caracteriza-se por densidade baixa, devendo manter suas características residenciais, horizontalidade das edificações e valorização da paisagem e elementos naturais integrados às edificações;
III – ZR3 - Zona Residencial 3 - Caracteriza-se por densidades altas, com potencial para ocupação residencial e atividades complementares, em especial para projetos de habitação de caráter social;
IV – ZR4 - Zona Residencial 4 – Caracteriza-se por áreas de urbanização esparsas, onde será dada predominância à preservação ecológica e paisagística;
V – ZC1 - Zona Comercial 1 - Caracteriza-se por densidades altas, favorecendo a ocupação intensiva, em especial de atividades comerciais, de serviços e de administração;
VI – ZC2 - Zona Comercial 2 - Caracteriza-se pela presença de diferentes atividades, onde podem ocorrer usos residenciais, comerciais, de serviços e industriais não incômodos, desde que compatíveis com condicionantes paisagísticos, ambientais, infraestruturas ou outras atividades instaladas.
VII – ZIC - Zona de Interesse Cultural - Constitui a área mais infraestruturada e equipada do município, com incentivo à miscigenação, densificação controlada e proteção ao patrimônio cultural;
VIII – ZEIS - Zona Especial de Interesse Social - São áreas públicas ou privadas onde incidirá o Direito de Preempção, destinadas prioritariamente a:
a) regularização fundiária;
b) execução de programas e projetos habitacionais de interesse social;
c) constituição de reserva fundiária;
d) ordenamento e direcionamento da expansão urbana;
e) implantação de equipamentos urbanos e comunitários;
f) criação de espaços públicos de lazer e áreas verdes;
g) criação de unidades de conservação ou proteção de outras áreas de interesse ambiental, e
h) proteção de áreas de interesse histórico, cultural ou paisagístico.
IX – ZOC - Zona de Ocupação Controlada - São áreas destinadas à proteção do ambiente natural e a sua recuperação.
§2º - Na área constituída de uma faixa de preservação de 30m (trinta metros) ao longo dos cursos d'água, medida em projeção horizontal, a partir da linha de contorno não serão permitidas edificações.
X - ZI - Zona Industrial - Caracteriza-se por apresentar boas condições de acesso, de sítio, distante de áreas densamente ocupadas, permitindo a instalação de indústrias, sem maiores incômodos à ocupação existente.
XI - ZPRH - Zona de Proteção dos Recursos Hídricos - É constituída pela Bacia de Rio Capibaribe e as barragens X, Y e Z, nascentes e arroios contribuintes;
a) as delimitações definitivas da ZPRH serão definidas em Lei específica acompanhada de mapeamento hidrográfico.
XII - ZPA - Zona de Preservação Ambiental - Caracteriza-se por apresentar restrições à ocupação urbana devido à presença de arroios, banhados, aos riscos de contaminação dos mananciais e pela presença de flora e fauna.
CAPÍTULO III
DA ZONA RURAL
Art. 28 - O poder público municipal desenvolverá ação permanente no sentido de buscar um desenvolvimento integrado entre as Zonas Urbana e Rural, garantindo meios para melhorias na educação, saúde, moradia e acesso à renda para todos, de modo que o processo de desenvolvimento ocorra com responsabilidade social e ambiental.
Art. 29 - A disciplina do uso e ocupação do solo na Zona Rural visa: estimular as atividades primárias e as que agreguem valor a estas; preservar as características sócio-econômicas do meio rural e; promover a melhoria da qualidade de vida de seus habitantes, evitando a implantação de atividade que induzam as formas de ocupação urbana.
Art. 30 - Na Zona Rural, ao longo das margens dos cursos d’água, lagos, lagoas, banhados e reservatórios, é obrigatória a recomposição da mata ciliar conforme ordenamento jurídico que regulamenta a atividade em foco.
Art. 31 - O manejo da vegetação nativa deverá ser realizado de acordo com a legislação vigente e com prévia autorização do órgão ambiental competente.
Parágrafo Único - A Zona Rural desempenha funções complementares às funções urbanas, destinando-se a suprir o abastecimento, a satisfazer a necessidade de espaços verdes, bem como a preservação da qualidade da paisagem natural que propicia o desenvolvimento de atividade de lazer e turismo compatíveis.
Art. 32 – As áreas destinadas a campings localizar-se-ão após a faixa de isolamento, situada, no mínimo, a 10m (dez metros) das divisas dos terrenos. A organização dos campings deverão estar de acordo com as diversas categorias de instalações e serviços.

SEÇÃO
DA BUSCA DO DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL
Art. 33 - São diretrizes para as Políticas e Ações a serem estabelecidas na busca do Desenvolvimento Rural Sustentável:
I - Promover a correta utilização dos recursos naturais renováveis e não renováveis, e a preservação das áreas de proteção ambiental;
II - Promoção do desenvolvimento sócio-econômico e treinamento de mão-de-obra nas comunidades rurais ou em Centros de Formação;
III - Incentivo à ampliação do parque agro-industrial e da rede de estocagem de grãos;
IV - Incentivo à produção e comercialização de horti-frutigranjeiros no Município, com vistas ao abastecimento interno, favorecendo programas comunitários;
V - Incentivo à diversificação da matriz produtiva do setor agropecuário, com ênfase nos “pequenos frutos”;
VI - Promover articulação das várias entidades ligadas ao setor agropecuário, através da atuação do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural;
VII - Promover a geração e difusão de tecnologia agropecuária, de modo a proporcionar o acesso dos agricultores familiares às informações sobre técnicas agroecológicas de produção, visando à busca de sustentabilidade econômica e ambiental de suas atividades, através do aumento na produção e renda, melhora na conservação/preservação ambiental, levando a um processo de inclusão social;
VIII - Exercício de efetiva fiscalização sanitária animal e vegetal através do Sistema de Inspeção Municipal (SIM);
IX - Implementar programas de apoio ao produtor rural com desenvolvimento de infraestrutura;
X - Promover o controle do uso de agrotóxicos no meio rural ou de qualquer elemento que cause danos ao meio ambiente;
XI - Implantar programas prioritários de atendimento ao pequeno e médio produtor; de preparação da mão-de-obra rural; de reflorestamento e recomposição das matas ciliares; de introdução de novas culturas para melhor aproveitamento das propriedades rurais, de produção artesanal e agroindustrial, de atração de turistas e de melhoria de produtividade das culturas agrosilvopastoris locais;
XII - Auxiliar na organização da comunidade rural, visando seu fortalecimento, através da difusão da visão associativista, promovendo a criação de associações, cooperativas e outras formas de organização comunitária;
XIII - Estimular a vinculação da produção agrosilvopastoril e das atividades rurais ao turismo;
XIV - Dinamização e melhorias de uso do edifício do Mercado Público Municipal;
XV - Manter em bom estado as estradas do meio rural;
XVI - Implementar programa de fomento ao desenvolvimento de estratégias de agregação de valor às atividades produtivas do setor primário do município de Futurópolis;
XVII - Promover a melhoria sócio-econômica dos agricultores do município através do aporte de recursos monetários via Fundo Municipal de Desenvolvimento Agropecuário;
XVIII - Fomentar a preservação do ecossistema de “Campos”, no modo a promover a preservação ambiental e salvaguardar a identidade cultural;
XIX - Viabilizar a construção de redes elétricas para todas as propriedades rurais;
XX - Implantar Programa de Agentes Comunitários de Saúde nas comunidades rurais, viabilizando unidade móvel de saúde com médicos e dentistas, e
XXI - Promover saneamento básico nos estabelecimentos rurais e implantar núcleos rurais de abastecimento de água.
CAPITULO IV
DOS USOS
Art. 34 - Para efeito desta Lei, ficam instituídas as seguintes categorias de uso:
I. Residencial Unifamiliar- RU
Compreendendo:
a) residências unifamiliares isoladas;
b) residências unifamiliares agrupadas, geminadas ou em série, e
c) condomínios residenciais por unidades autônomas.
II. Residencial Multifamiliar - RM
Compreendendo:
a) residências multifamiliares;
b) habitações coletivas, internatos, orfanatos, asilos, casas de repouso;
c) conjuntos habitacionais edificados em quarteirões resultantes de parcelamento do solo para fins urbanos, e
d) residências temporárias: hotéis, motéis, pousadas.
III. Comércio e Serviços Geradores de Ruídos – CSR
Compreendendo:
a) estabelecimentos que utilizem máquinas ou utensílios ruidosos, notadamente:
- serrarias, carpintarias ou marcenarias;
- serralherias, funilarias, e
- oficinas mecânicas.
b) clínicas veterinárias, canis, escolas de adestramento de animais e congêneres.
IV. Comércio e Serviços Geradores de Tráfego Pesado - CSTP
Compreendendo:
a) agências e garagens de companhias transportadoras, de mudanças ou que operem com frotas de caminhões ou ônibus;
b) entrepostos, depósitos, armazéns de estocagem de matérias-primas, estabelecimentos atacadistas ou varejistas de materiais grosseiros, notadamente:
- insumos para agricultura, fruticultura e pecuária;
- materiais de construção, e
- sucata e ferro-velho.
c) estabelecimentos de comércio ou aluguel de veículos pesados ou máquinas de grande porte.
V. Comércio e Serviços Perigosos - CSP:
Compreendendo:
a) comércio de inflamáveis, e
b) comércio de explosivos, conforme legislação específica.
VI. Comércio e Serviços Vinculados à Residência - CSVR
Compreendendo estabelecimentos com área construída até 300m², incluindo as seguintes categorias:
a) comércio de abastecimento;
b) comércio varejista;
c) serviços profissionais;
d) serviços institucionais, e
e) indústria caseira/ artesanal.
VII. Comércio e Serviços Diversificados - CSD:
Compreendendo qualquer estabelecimento de comércio ou serviços não incluídos nas demais categorias, com área construída até 1.500 m², tais como:
a) comércio de abastecimento;
b) comércio varejista;
c) serviços profissionais;
d) serviços pessoais;
e) serviços de manutenção;
f) serviços de comunicação;
g) serviços financeiros e administrativos;
h) serviços de segurança;
i) serviços de saúde;
j) serviços educacionais e culturais;
k) restaurantes, bares, salões de festas e eventos;
l) academias, e
m) estacionamentos e garagens públicos ou privados.
VIII. Recreacional e Turístico - RT:
Compreendendo notadamente:
a) clubes, associações recreativas e desportivas;
b) equipamentos para esportes ao lar livre, e
c) atividades recreativas e de lazer.
IX. Uso Especial 1 (UE.1):
Compreendendo atividades que requerem Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV), notadamente:
a) edificações para cultos religiosos;
b) bilhares e boliches;
c) rodoviárias;
d) capelas mortuárias e funerárias;
e) terminais de transporte coletivo;
f) bombeiros e corporações de segurança;
g) universidades;
h) parques de diversões, locais para feiras e exposições;
i) mercados públicos, hipermercados e “shopping centers”;
j) hospitais e pronto-socorros, e
l) depósitos de gás liquefeito de petróleo.
X. Uso Especial 2 (UE.2):
Compreendendo atividades que requerem Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV), notadamente:
a) salões de baile, clubes noturnos, discotecas e boates;
b) aeroportos;
c) cemitérios e crematórios;
d) estádios e campos de esportes;
e) presídios e casas de detenção;
f) locais para campings, colônias de férias, clubes de campo e congêneres;
g) sanatórios e hospitais psiquiátricos;
h) depósitos de combustíveis;
i) postos de abastecimento de veículos;
j) áreas para tratamento e depósito de resíduos sólidos e líquidos;
l) áreas para depósitos de rejeitos de construção civil;
m) áreas para mineração;
n) áreas para criação de animais de grande porte;
o) parcelamento do solo com área superior a 5 ha (cinco hectares), e
p) torres de transmissão de rádio-frequência e outros com características similares.
XI. Indústria 1 - I. 1:
Compreendendo indústrias cuja instalação não exceda a 450 m² de área construída e, concomitantemente, que não prejudique a segurança, o sossego e a saúde da vizinhança, que não ocasione o movimento excessivo de pessoas e veículos, que não gere gases fétidos, poeiras e trepidações, ou seja, estabelecimentos industriais cujo processo produtivo seja complementar às atividades do meio urbano ou rural em que se situem e com eles se compatibilizem.
XII. Indústria 2 - I. 2:
Compreendendo indústrias cujos processos apresentem efluentes líquidos facilmente tratáveis por sistemas convencionais, com emissões gasosas controladas e sem cheiro, cujos resíduos sólidos gerados no processo produtivo não contenham metais pesados e, ainda, que suas movimentações não causem incômodos sensíveis às demais atividades urbanas.
XIII. Indústria 3 - I. 3:
Compreendendo indústrias cujos resíduos sólidos, líquidos e gasosos, ruídos, vibrações, emanações e radiações possam causar perigo à saúde, ao bem estar, e à segurança das populações, mesmo depois da aplicação de métodos adequados de controle e tratamento de efluentes, nos termos da legislação vigente.
Parágrafo único – a instalação de usos especiais 1 e 2, incluídos nos incisos IX e X, serão analisadas pelo Órgão Municipal de Planejamento, observando-se as características da área, a fim de preservar o ambiente físico e os recursos naturais.
Art. 35 - Na Zona Rural serão permitidos os seguintes usos: RU, CSR, CSTP, RT, UE.1, UE.2, I.1 e I.2.
§1º - Na Zona Rural, o uso CSTP compreenderá somente depósitos, silos, armazéns e demais construções vinculadas à atividade rural.
§2º - Na Zona Rural, o uso I.1 compreenderá somente construções vinculadas à atividade rural.
CAPÍTULO V
DOS ÍNDICES URBANÍSTICOS
Art. 36 - Para efeito desta lei, a cada zona corresponderá um regime urbanístico, composto pelos indicadores CA, TO e TP.
Art. 37 - Coeficiente de Aproveitamento (CA) - é a relação entre a área edificada (excluída a área não computável) e a área do lote, respeitadas as seguintes especificações:
I - Coeficiente de Aproveitamento Mínimo - é a relação entre a área edificada (excluída a área não computável) e a área do lote, abaixo do qual ele será considerado subutilizado;
II - Coeficiente de Aproveitamento Básico - é a relação entre a área edificada (excluída a área não computável) e a área do lote, outorgado gratuitamente, e
III - Coeficiente de Aproveitamento Máximo - é a relação entre a área edificada (excluída a área não computável) e a área do lote, outorgado onerosamente.
§1º - Não serão computados no cálculo do Coeficiente de Aproveitamento, com vistas a incentivar a construção de áreas complementares:
I - áreas de estacionamento, de circulação de veículos, e subsolos,
II - as floreiras, sacadas e varandas com área total máxima de até 20% da área útil da respectiva unidade, sendo a área excedente computada no cálculo do coeficiente de aproveitamento;
III - as áreas de recreação cobertas, que não excedam a 2,5¨% da área máxima que pode ser edificada, e
IV - poços de elevadores, casas de máquinas, de bombas, de transformadores e geradores, caixas d'água, centrais de ar condicionado, instalações de aquecimento de água, centrais de gás, contadores e medidores em geral, depósito de lixo, escadas enclausuradas conforme exigências técnicas e apartamento de zelador com área máxima de 50 m².
Art. 38 - Taxa de Ocupação (TO) de uma edificação ou conjunto de edificações é a relação entre a projeção horizontal máxima das edificações sobre o lote e a área total do lote.
§1º - No cálculo da Taxa de Ocupação não serão computadas:
I - as marquises;
II - as áreas edificadas cuja cobertura esteja situada até o nível médio do terreno e receba tratamento sob forma de jardim ou terraço, e
III - as áreas construídas em balanço ou formando saliências sobre o recuo de ajardinamento desde que não ultrapassem 1,50 m (um metro e cinquenta centímetros) de largura.
Art. 39 - Taxa de Permeabilidade (TP) é a porção mínima do lote correspondente à área permeável do solo, utilizada para ajardinamento.
Art. 40 - Os índices urbanísticos para o uso e ocupação do solo de cada zona são os constantes do Quadro 1 - ÍNDICES URBANÍSTICOS, em anexo.
§ 1º - Constituem parte integrante do regime urbanístico, o lote mínimo para parcelamento do solo e a seleção das categorias de uso permitidas.
§ 2º - A definição do CA e da TO deve ser coerente com as dimensões e áreas dos lotes e com as atividades a que se destinam, não podendo ser modificados isoladamente sem a consideração dos demais itens.
§ 3º - Para as Zonas Especiais de Interesse Social, os índices permitidos serão os mesmos da macrozona onde estas estão inseridas.
§ 4º - Para o cálculo do CA e TO bem como dos recuos, serão consideradas as áreas construídas e cobertas de todas as edificações incidentes sobre o lote.
Art. 41 - As edificações deverão observar a limitação de altura decorrente de normas relativas aos serviços de telecomunicações, aos serviços de instalações de energia elétrica, à navegação aérea e à proteção de monumentos históricos e de zonas de preservação, expedidas pelos órgãos competentes.
CAPÍTULO VI
DOS RECUOS
Art. 42 - Recuos são afastamentos entre as edificações e os limites do lote onde estas estiverem inseridas, destinados à qualificação do ambiente urbano, em especial a ventilação e a iluminação natural.
Art. 43 - Recuo frontal é o afastamento entre a edificação e o alinhamento público, como garantia de espaço não edificável. O recuo frontal é obrigatório e até que lei específica venha dispor sobre a dimensão do mesmo para cada zona, este será de pelo menos 3 m (três metros), exceto nos lotes situados na ZIC e nas ZC1, onde estes serão de pelo menos 2 m (dois metros).
§1º - Somente será permitida a previsão de vagas de estacionamento sobre o recuo frontal, quando este for superior a 5 m.
§2º - Nos terrenos de esquina serão exigidos os recuos de frente em ambas as testadas, nos seguintes valores:
I - na testada de menor dimensão, o recuo será de acordo com a zona em que se localiza;
II - na testada de maior dimensão, será r/2, sendo "r" o recuo da zona em que se localiza.
§3º - Serão permitidas áreas construídas em balanço ou formando saliências sobre o recuo frontal, desde que não ultrapassem 1,50 m (um metro e cinquenta centímetros) de largura.
§4º - No recuo frontal poderão ser aprovadas e licenciadas guaritas, obras de paisagismo, escadas e rampas de acesso.
Art. 44 - Recuos Laterais e de Fundos são o afastamento entre a edificação e as divisas do lote.
§1º - O recuo lateral será facultativo para edificações de até dois pavimentos e, quando houver, será no mínimo de 1,50 m (um metro e cinquenta centímetros).
§2º - Para prédios com mais de dois pavimentos, os recuos laterais e de fundos obedecerão, a partir do 2º pavimento, a seguinte fórmula: r = h/8 (sendo "h" a altura do prédio e "r" o recuo). Considera-se a altura do prédio a partir do alinhamento do passeio público até o forro do último pavimento.
§3º - As paredes cegas ficarão desobrigadas de recuo lateral nos seguintes casos:
I - nos terrenos com até 12 m (doze metros) de testada não serão exigidos recuos laterais para paredes cegas em duas divisas;
II - nos terrenos com testada entre 12 m (doze metros) e 15 m (quinze metros) não serão exigidos recuos laterais para paredes cegas em uma divisa, e
III - nos terrenos com testada maior que 15 m (quinze metros) atenderão o §2º deste artigo.
§4º – No cálculo dos recuos laterais e de fundos das paredes com aberturas deverá ser respeitado o Código de Obras do município.
Art. 45 - Quando a edificação tiver 2 (dois) ou mais blocos será obrigatório um afastamento entre eles correspondendo no mínimo a: a = h/8 + 3 m (sendo "a" o afastamento e "h" a altura do bloco mais alto). Considera-se a altura do prédio a partir do alinhamento do passeio público até o forro do último pavimento.
Art. 46 - Nas Zonas de Ocupação Controlada (ZOC), nas Zonas Industriais (ZI) e nas Zonas de Proteção dos Recursos Hídricos (ZPRH), os recuos laterais e de fundos serão obrigatórios e seguem as grandezas expressas no Quadro 1, anexo desta Lei.
Art. 47 - Os recuos poderão ser alterados em qualquer uma das faces, em função da existência de espécies vegetais de preservação, ouvido o Conselho Municipal do Plano Diretor.
CAPÍTULO VII
DAS GARAGENS E ESTACIONAMENTOS
Art. 48 - É obrigatória a construção de garagens ou previsão equivalente de vagas para estacionamento nos edifícios destinado habitação coletiva e nos edifícios comerciais e de serviços listados no ANEXO II - Quadro de Padrões para Estacionamento.
Art. 49 - Para o cálculo do número mínimo de vagas, considera-se a área total construída, subtraídas as áreas não computadas no CA.
Art. 50 - O estacionamento dos usos e atividades não incluídos nesta seção será calculado pelo Órgão competente da Prefeitura de Futurópolis, considerando sua similaridade com aqueles definidos nesta Lei.
Art. 51 - Quando o estabelecimento possuir um conjunto de atividades, o cálculo deverá ter por base a de maior exigência.

sexta-feira, 28 de abril de 2017

O PLANO DIRETOR PARTICIPATIVO – PARTE 4  


Por: Ilo Jorge de Souza Pereira
Especialista em Gestão Pública e Política.

CONSTRUINDO UM PLANO DIRETOR PARTICIPATIVO
Inicialmente o poder executivo deve propor um Projeto de Lei ao legislativo municipal, após o processo de construção coletiva do Plano.
Quanto ao Projeto de lei a ser proposto, sempre em função do estabelecido na Lei Orgânica Municipal, que pode ser, por exemplo, uma Lei Complementar, onde se “Institui o Plano Diretor do Município de Futurópolis e dá outras providências”.
O Projeto de Lei deve observar fielmente os pressupostos norteadores das suas respectivas: admissibilidade; regimentalidade; legalidade; juridicidade; constitucionalidade, bem como aos princípios da boa técnica de redação legislativa.

Apresentamos um MODELO simples, digamos básico em alguns aspectos, mas o PLANO DIRETOR deve retratar a realidade do Município, nos termos de sua missão, visão e valores para um determinado horizonte temporal, por exemplo, de vinte anos, revisados a cada dez anos.

TÍTULO I
DA CONCEITUAÇÃO, PRINCÍPIOS E OBJETIVOS
CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E PRELIMINARES
Art. 1º - Esta Lei Complementar institui o Plano Diretor do município de Futurópolis, define seus objetivos e diretrizes básicas e dispõe sobre os instrumentos para sua implementação.
Art. 2º - O Plano Diretor, abrangendo a totalidade do território do município, é o instrumento básico da política de desenvolvimento urbano e integra o processo de planejamento municipal, devendo o plano plurianual, a lei de diretrizes orçamentárias e o orçamento anual incorporar as diretrizes e as prioridades nele contidas.
CAPÍTULO II
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS E DOS OBJETIVOS GERAIS DA POLÍTICA URBANA
Art. 3º - Este Plano Diretor rege-se pelos seguintes princípios:
I - Função Social da Cidade, que corresponde ao direito à cidade para todos, o que compreendem os direitos a terra urbanizada, à moradia, ao saneamento ambiental, à infraestrutura urbana, aos serviços públicos, ao transporte coletivo, à mobilidade urbana e acessibilidade, ao trabalho, à cultura e ao lazer, para as presentes e futuras gerações;
II - Função Social da Propriedade, que corresponde ao atendimento às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas nesta lei, assegurando o atendimento das necessidades dos cidadãos quanto à qualidade de vida, à justiça social e ao desenvolvimento das atividades econômicas, respeitadas as diretrizes do art. 2º, da Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001 (Estatuto da Cidade);
III - Desenvolvimento Sustentável, que se refere ao desenvolvimento local socialmente justo, ambientalmente equilibrado e economicamente viável, visando garantir qualidade de vida para os presentes e futuras gerações, e
IV - Gestão Democrática e Participativa, onde a gestão da política urbana se fará de forma democrática, incorporando a participação dos diferentes segmentos da sociedade em sua formulação, execução e acompanhamento.
§ 1º - A propriedade urbana igualmente cumpre a sua função social quando os direitos a ela inerentes são exercidos de maneira compatível com os interesses públicos coletivos, especialmente mediante:
I- a sua utilização compatível com a capacidade de atendimento da infraestrutura, dos equipamentos e dos serviços públicos;
II- a preservação, proteção e recuperação da qualidade do meio ambiente e do patrimônio histórico - cultural;
III- o aproveitamento dos vazios urbanos e dos terrenos subutilizados;
IV- a sua utilização e aproveitamento não conflitantes com a segurança e saúde dos usuários e população vizinha, e
V- a recuperação da valorização acrescentada pelos investimentos públicos à propriedade particular.
§ 2º - Para os fins estabelecidos no Art. 182, da Constituição da República, não cumprem a função social da propriedade urbana, por não atender às exigências de ordenação da Cidade, terrenos ou glebas totalmente desocupados, ou onde o coeficiente de aproveitamento mínimo não tenha sido atingido, sendo passíveis, sucessivamente, de parcelamento, edificação e utilização compulsórios, Imposto Predial e Territorial Urbano progressivo no tempo e desapropriação com pagamentos em títulos, com base nos artigos 5º, 6º, 7º e 8º da Lei Federal nº 10.257, de 10 de julho de 2001 - o Estatuto da Cidade.
Art. 4º - São objetivos gerais da política urbana:
I - consolidar a Cidade de Futurópolis como centro de atividades produtivas e geradoras de emprego e renda;
II - elevar a qualidade de vida da população, particularmente no que se refere à saúde, à educação, à cultura, às condições habitacionais, à infraestrutura e aos serviços públicos, de forma a promover a inclusão social, reduzindo as desigualdades que atingem diferentes camadas da população e regiões da Cidade;
III - promover o desenvolvimento sustentável, a justa distribuição das riquezas e a equidade social no Município;
IV - elevar a qualidade do ambiente urbano, por meio da preservação dos recursos naturais e da proteção do patrimônio histórico, artístico, cultural, urbanístico, arqueológico e paisagístico;
V - garantir a todos os habitantes da Cidade acesso a condições seguras de qualidade do ar, da água e de alimentos, química e bacteriologicamente seguros, de circulação e habitação em áreas livres de resíduos, de poluição visual e sonora, de uso dos espaços abertos e verdes;
VI - garantir a justa distribuição dos benefícios e ônus decorrentes do processo de urbanização, recuperando e transferindo para a coletividade a valorização imobiliária decorrente da ação do Poder Público;
VII - aumentar a eficiência econômica da Cidade, de forma a ampliar os benefícios sociais e reduzir os custos operacionais para os setores público e privado, inclusive por meio do aperfeiçoamento administrativo do setor público;
VIII - promover e tornar mais eficientes, em termos sociais, ambientais, urbanísticos e econômicos, os investimentos dos setores público e privado;
IX - racionalizar o uso da infraestrutura instalada, em particular a do sistema viário e de transportes, evitando sua sobrecarga ou ociosidade;
X - democratizar o acesso a terra e à habitação, estimulando os mercados acessíveis às faixas de baixa renda;
XI - prevenir distorções e abusos na utilização econômica da propriedade urbana e coibir o uso especulativo da terra como reserva de valor, que resulte na sua subutilização ou não utilização, de modo a assegurar o cumprimento da função social da propriedade;
XII - aumentar a eficácia da ação governamental, promovendo a integração e a cooperação com os governos federal e estadual no processo de planejamento e gestão das questões de interesse comum, e
XIII - estimular parcerias entre os setores público e privado em projetos de urbanização e de ampliação e transformação dos espaços públicos da cidade, mediante o uso de instrumentos da política urbana, para o desenvolvimento urbano atendendo às funções sociais da Cidade.
TÍTULO II
DO DESENVOLVIMENTO MUNICIPAL
CAPÍTULO I
DO SISTEMA PRODUTIVO URBANO E RURAL
Art. 5º - O desenvolvimento econômico de Futurópolis deverá ser promovido através da dinamização e diversificação das atividades produtivas, observando-se as premissas de redução das desigualdades sociais e do desenvolvimento sustentável.
Art. 6º - São objetivos para o desenvolvimento econômico:
I – dinamizar o fortalecimento e a diversificação da economia municipal;
II – identificar e estimular novas vocações econômicas;
III – fomentar novos investimentos nos segmentos produtivos, e
IV – potencializar os benefícios das atividades do agronegócio, comércio, serviços, indústria e tecnológicas.
Art. 7º - São diretrizes para o desenvolvimento municipal:
I – organização da produção, especialmente através de polos produtivos e de entidades representativas;
II – diversificação das atividades produtivas;
III – cooperação entre os agentes públicos, privados e de ensino/pesquisa;
IV – qualidade dos bens e serviços locais;
V – regulamentação do setor informal para a sua incorporação à economia formal;
VI – qualificação profissional e o desenvolvimento humano;
VII – estímulo ao turismo e às novas tecnologias como importante estratégia de desenvolvimento;
VIII – descentralização das atividades econômicas;
IX – integração e complementariedade das atividades urbanas e rurais;
X – estímulo ao incremento da produção local e aos micros, pequenos, médios e grandes estabelecimentos produtivos, e
XI – incentivo à produção agrícola em busca da auto-suficiência de hortifrutigranjeiros.
CAPÍTULO II
DO MEIO AMBIENTE
SEÇÃO I
DAS ORIENTAÇÕES GERAIS
Art. 8º - O poder público municipal desenvolverá ação permanente de controle da qualidade ambiental, amparado nas legislações federal, estadual e municipal pertinentes.
Art. 9º - Para os fins previstos nesta Lei, considera-se:
I - meio ambiente é o conjunto de condições, influências e interações de ordem física, química e biológica que permite abrigar e reger a vida em todas as suas formas;
II - degradação da qualidade ambiental é toda a alteração adversa das características do meio ambiente;
III - poluição é a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente:
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
c) ocasionem danos à fauna, à flora, ao equilíbrio ecológico e às propriedades públicas e privadas;
d) afetem as condições sanitárias e estéticas do meio ambiente;
e) lancem matéria ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos.
IV - fonte poluidora é a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividades causadoras de impacto ambiental.
V - recursos ambientais são a atmosfera, as águas superficiais ou subterrâneas, o solo, o subsolo e os componentes da biosfera;
VI - recursos naturais são todos os componentes ambientais economicamente exploráveis;
VII – desenvolvimento sustentável é o processo de crescimento e desenvolvimento econômico que leva em conta a exploração dos recursos naturais de forma ecologicamente equilibrada, preservando o meio ambiente para as presentes e futuras gerações, e
VIII – função sócio-ambiental é a função da propriedade que é exercida considerando-se a função social conjugada com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e as boas relações de trabalho.
Art. 10 - O poder público municipal deverá articular-se com os órgãos competentes da União e dos Estados visando à fiscalização e ao controle, no Município, das atividades que, direta ou indiretamente, degradem a qualidade ambiental e:
I - criem ou deem origem às condições nocivas ou ofensivas à saúde, à segurança e ao bem-estar público;
II - prejudiquem a flora, a fauna e as condições ecológicas ou paisagísticas, e
III - prejudiquem a utilização dos recursos ambientais para fins domésticos, de piscicultura, culturais, recreativos ou de interesse público ou coletivo.
SEÇÃO II
DO SANEAMENTO AMBIENTAL INTEGRADO
Art. 11 - A política de saneamento ambiental integrado tem como objetivo manter o meio ambiente equilibrado, alcançando níveis crescentes de salubridade, por meio da gestão ambiental, do abastecimento de água potável, da coleta e tratamento de esgoto sanitário, da drenagem das águas pluviais, do manejo dos resíduos sólidos e do reuso das águas, promovendo a sustentabilidade ambiental do uso e da ocupação do solo.
Art. 12 - A político de saneamento ambiental integrado deverá respeitar as seguintes diretrizes:
I – garantir serviços de saneamento ambiental a todo o território municipal;
II – ampliar as medidas de saneamento básico para as áreas deficitárias, por meio da complementação e/ou ativação das redes coletoras de esgoto e de água;
III – investir prioritariamente no serviço de esgotamento sanitário que impeça qualquer contato direto no meio onde se permaneça ou se transita;
IV – complementar a rede coletora de águas pluviais e do sistema de drenagem nas áreas urbanizadas do território, de modo a minimizar a ocorrência de alagamentos;
V – elaborar e implementar o gerenciamento integrado de resíduos sólidos, garantindo a ampliação da coleta seletiva e da reciclagem, bem como a redução da geração de resíduos sólidos;
VI – assegurar à população do município oferta domiciliar de água para o consumo residencial e outros usos, em quantidade suficiente para atender as necessidades básicas e de qualidade compatível com os padrões de potabilidade;
VII – assegurar sistema de drenagem pluvial, por meio de sistemas físicos, naturais e construídos, o escoamento das águas pluviais em toda área ocupada do município, de modo a propiciar a recarga dos aquíferos, a segurança e o conforto aos seus habitantes;
VIII – promover educação ambiental como instrumento para sustentação das políticas públicas ambientais, buscando a articulação com as demais políticas setoriais;
IX – promover a qualidade ambiental e o uso sustentável dos recursos naturais, por meio do controle e do planejamento ambiental;
X – garantir a preservação da Área de Proteção Ambiental, dos remanescentes de Mata Atlântica e demais unidades de conservação;
XI – promover a recuperação ambiental, revertendo os processos de degradação física, químicas e biológicas do meio ambiente;
XII – promover o manejo da vegetação urbana e rural de forma a garantir a proteção das áreas de interesse ambiental e a diversidade biológica natural;
XIII – implementar programas de reabilitação das áreas de risco;
XIV – considerar a paisagem urbana e os elementos naturais como referenciais para a estruturação do território;
XV – Incorporar às políticas setoriais o conceito de sustentabilidade e as abordagens ambientais, e
XVI – implementar sistema municipal de Áreas Verdes e de Lazer.
§1º Para se alcançar o objetivo da promoção do Saneamento Ambiental Integrado, deverá ser elaborado Plano Ambiental Municipal, como instrumento da gestão do saneamento ambiental.
CAPÍTULO III
DA INFRAESTRUTURA
Art. 13 - A gestão da infraestrutura municipal tem como objetivo melhorar a qualidade de vida da população, aumentar os níveis de salubridade e manter o equilíbrio com o meio ambiente.
Parágrafo único. Entende-se como infraestrutura o abastecimento de água potável, a coleta, tratamento e destinação do esgoto e resíduos sólidos, o fornecimento de energia pública e domiciliar e a drenagem urbana, dentre outros.
Art. 14 - São diretrizes da gestão da infraestrutura do município de Futurópolis:
I - universalização do acesso ao abastecimento de água e do fornecimento de energia elétrica;
II - ampliação da rede de coleta e tratamento do esgoto para as áreas deficitárias, bem como a implantação de sistemas alternativos;
III - garantir a iluminação pública adequada nas vias e logradouros públicos;
IV - aprimorar o sistema de gestão de resíduos sólidos e limpeza urbana;
V - garantir o adequado escoamento das águas pluviais;
VI - implantar e manter atualizado banco de dados com informações relativas à infraestrutura urbana e rural, e
VII - fiscalização e controle da captação de águas subterrâneas.
Art. 15 - A implementação das diretrizes para a gestão da infraestrutura municipal será realizada através da elaboração do Plano Municipal de Resíduos Sólidos, Plano Municipal de Drenagem Urbana e Lei de Proteção dos Recursos Hídricos.
CAPÍTULO IV
DA QUALIFICAÇÃO AMBIENTAL
Art. 16 - O desenvolvimento municipal deve estar fundamentado na valorização do patrimônio ambiental, visando á sustentabilidade e a promoção dos valores históricos e culturais de Futurópolis compreendendo a necessidade de uma relação equilibrada entre ambiente construído e natural. O patrimônio ambiental abrange o patrimônio histórico e cultural e o patrimônio natural e paisagístico.
Art. 17 - Integra o patrimônio histórico e cultural o conjunto de bens imóveis e móveis de valor significativo, parques urbanos e naturais, praças, sítios e paisagens, assim como manifestações culturais entendidas como tradições, práticas e referências, que confiram identidade ao município.
Art. 18 - São integrantes do patrimônio natural e paisagístico os elementos naturais, tais como o ar, a água, o solo, o subsolo, a fauna, a flora, as amostras significativas dos ecossistemas do município de Futurópolis e as manifestações fisionômicas que representam marcos referenciais da paisagem que sejam de interesse proteger, preservar e conservar a fim de assegurar novas condições de equilíbrio urbano.
Art. 19 - São diretrizes gerais para a qualificação ambiental do município:
I – visão ambiental integrada às políticas de desenvolvimento, considerando-se a posição geográfica quanto às bacias hidrográficas;
II – valorização da identidade cultural da população;
III – priorização de ações que minimizem os processos de degradação ambiental;
IV – valorização do patrimônio ambiental com ocupação e utilização disciplinadas;
V – estabelecer normas específicas de uso e ocupação do solo para a proteção dos recursos naturais em áreas de mananciais e recursos hídricos;
VI – considerar a paisagem urbana e os elementos naturais como referência para a estruturação do território;
VII – promover a inclusão, valorizando o patrimônio natural, histórico e cultural de forma a reforçar o sentimento de cidadania e da identidade local, e
VIII – integrar as potencialidades do patrimônio natural, paisagístico, histórico e cultural com o turismo municipal.
SEÇÃO I
DO PATRIMÔNIO NATURAL E PAISAGÍSTICO
Art. 20 - Constituem-se diretrizes para a gestão do patrimônio natural e paisagístico de Futurópolis:
I – preservação dos espaços de relevante potencial paisagístico e natural em vista da sua importância para a qualidade de vida e para as atividades voltadas ao lazer;
II – preservação e recomposição da mata ciliar ao longo dos rios e arroios;
III – recuperação e adequação de áreas degradadas e de preservação permanente, especialmente as nascente e margens de rios, arroios e banhados;
IV – educação ambiental com enfoque na proteção do meio ambiente;
V – proteção e requalificação dos recursos hídricos;
VI – requalificação da arborização urbana, em áreas públicas e privadas, e
VII – normas para o controle da poluição ambiental.
SEÇÃO II
DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E CULTURAL
Art. 21 - São elementos referenciais do patrimônio histórico e cultural de Futurópolis o conjunto de bens históricos e culturais, composto por:
I – os imóveis e os espaços identificados com a história e a cultura local e regional;
II – a tradição pernambucana;
III – a tradição das diversas etnias formadoras da identidade cultural local, e
IV – os bens móveis, os costumes e as manifestações populares, incluindo a culinária e o artesanato, dentre outros.
Art. 22 - São diretrizes da gestão do patrimônio histórico e cultural de Futurópolis:
I – fortalecer a identidade e a diversidade cultural através da valorização da cultura e tradições locais;
II – relevar o patrimônio histórico e cultural como fator humanizador e de inclusão social;
III – apoiar os eventos culturais e tradicionalistas;
IV – realizar o inventário de bens relevantes para o patrimônio histórico e cultural do município;
V – realizar o tombamento dos bens relevantes para a história e a cultura local, definindo os limites urbanísticos para o seu uso;
VI – promover parcerias com a iniciativa privada e a população para o controle, monitoramento e execução de obras no patrimônio cultural e histórico edificado, e
VII – criação de incentivos para a conservação do patrimônio histórico e cultural e para as atividades culturais.
Parágrafo Único - O estímulo à conservação das unidades de preservação histórico-cultural se dará mediante:
I - instrumentos da política urbana, como a transferência do direito de construir e operações consorciadas;
II - incentivos fiscais, e
III - divulgação dos fatos históricos e culturais relacionados ao patrimônio.