Por: Ilo Jorge de Souza Pereira
Especialista
em Gestão Pública e Política.
CONHEÇA O PROCESSO DE PIRÓLISE DO LIXO
A pirólise é um dos mais ecológicos e eficientes processos de tratamento dos resíduos descartados diariamente pela população.
A
pirólise é uma reação de decomposição térmica, ou seja, que
ocorre por meio da exposição a altas temperaturas. A palavra vem do
grego pyrós (fogo) + lýsis (dissolução), e num sentido amplo é
caracterizado como a ruptura de uma estrutura molecular original, a
decomposição ou a alteração de um composto pela ação do calor
em um ambiente com pouco ou nenhum oxigênio.
O
uso da pirólise na indústria é amplo, como para produção de
carvão vegetal, reprocessamento de pneus para obtenção de óleos e
gases combustíveis e na fabricação de fibra de carbono. O processo
também é utilizado no tratamento do lixo antes do descarte e para a
obtenção de biocombustíveis.
Sob
o ponto de vista energético, o processo de pirólise para o lixo é
autossustentável, pois a decomposição química causada pelas altas
temperaturas na ausência de oxigênio produz mais energia do que
consome, e pode ser utilizado com o lixo doméstico selecionado e
moído, lixo de processamento de plásticos e lixo industrial.
Para
que o processo ocorra é necessário fornecer calor ao reator
pirolítico, o principal elemento dos processos químicos. Ele é
composto por três zonas específicas por onde passa toda a matéria
orgânica: zona de secagem, de pirólise e de resfriamento.
Na
primeira etapa – zona de secagem – é fornecido calor externo ao
reator e as altas temperaturas alteram as propriedades moleculares da
matéria depositada.
A
segunda etapa é a zona de pirólise, onde ocorrem reações químicas
como a fusão, volatilização e oxidação – a passagem de uma
substância do estado líquido ou sólido para o estado de gás ou
vapor, também chamado de plasma. Desta etapa podem ser retirados
alguns subprodutos.
O
processo é finalizado na terceira etapa – zona de resfriamento –
onde são recolhidas cinzas residuais e também são coletados outros
subprodutos, como o bio-óleo.
Estudos
indicam que a pirólise é um dos meios mais eficientes e
ecologicamente corretos para o tratamento do lixo, pois além da
possibilidade da extração de diversos subprodutos como sulfato
amônia, alcatrão, álcoois e
óleo combustível, os equipamentos impedem a liberação de
substâncias nocivas na atmosfera, diminuem a geração de poluentes
como o metano e gás carbônico – principais agentes do efeito
estufa – e podem representar futuramente uma alternativa aos
aterros sanitários e à incineração do lixo.
CONHEÇA O PROCESSO DE PRODUÇÃO DE ENERGIA ATRAVÉS DA GASEIFICAÇÃO
A maior facilidade na limpeza e versatilidade do combustível gerado pela gaseificação tornam o processo mais atraente do ponto de vista tecnológico
O
termo gaseificação refere-se ao processo de mudança de estado
físico e químico de combustíveis sólidos ou líquidos para uma
mistura de gases combustíveis. Esses gases podem ter dois destinos:
serem inflamados diretamente para a produção de energia ou
resultarem em matéria-prima de outros compostos de origem
industrial.
As
reações termoquímicas dos combustíveis sólidos, como o carvão
ou a biomassa, em contato com o ar ou oxigênio e vapor d’água,
resultam na formação de gases que podem ser usados como fonte de
energia térmica e elétrica e o principal produto da gaseificação
é uma mistura de gases: monóxido de carbono, hidrogênio, dióxido
de carbono, metano e enxofre.
Entretanto
a composição final dos gases provenientes deste processo dependerá
de fatores como a temperatura, pressão, características da
matéria-prima, entre outros.
O
processo de produção de energia através da gaseificação de
biomassa é muito conhecido atualmente, porém não é um processo
recente. Um dos grandes interesses por esse processo deve-se à
limpeza (remoção de componentes químicos prejudiciais à saúde
humana e ao meio ambiente) e versatilidade do combustível gerado (a
possibilidade de usos alternativos), quando comparado aos
combustíveis sólidos e líquidos.
O
processo tem início com a secagem durante o aquecimento do
combustível. Esta etapa é mais lenta quando os combustíveis, como
madeira e biomassa em geral, são mais úmidos. Com a gaseificação
do combustível, obtém-se uma mistura de gases combustíveis que são
levados à próxima etapa do processo: a pirólise. Este processo
consiste na fragmentação das partículas, já que ocorre a
vaporização das partes voláteis.
A
próxima etapa é a remoção das impurezas e partículas nocivas, em
alguns casos derivados de enxofre, e então acontece a combustão ou
reação do material com o oxigênio. Os gases provenientes desta
combustão alimentam as turbinas do ciclo gás, gerando energia
elétrica. O gás de combustão, armazenado em uma caldeira de
recuperação, produz o vapor que alimenta as turbinas do ciclo
vapor, gerando mais energia elétrica. Com isso, os conjuntos de
ciclo gás e ciclo vapor apresentam elevado rendimento quando unidos.
A
gaseificação ocorre quando o carbono e os hidrocarbonetos dos
combustíveis reagem parcialmente com o oxigênio e geram o monóxido
de carbono e o gás hidrogênio. Este processo ocorre em temperaturas
altíssimas, entre 400 e 900°C.
A
vantagem da geração de energia elétrica pela gaseificação é,
por exemplo, o alcance de comunidades em áreas isoladas e de difícil
acesso das redes de energia. Entretanto deve-se ter atenção
especial no uso destas técnicas, pois além de ser uma tecnologia
mais complicada do que a queima direta de combustível, os aspectos
de segurança devem ser observados devido à toxidade dos gases
produzidos, evitando vazamentos e dando preferência para a
instalação em lugares muito bem ventilados.
ENERGIA DO LIXO: CONHEÇA A PRIMEIRA USINA DE INCINERAÇÃO DO LIXO NO BRASIL
Localizada em antigo lixão de São Bernardo do Campo, a unidade custará R$ 600 milhões e será responsável pelo processamento de 90% do lixo da cidade.
A
usina termoelétrica ou, se preferir, Unidade
de Recuperação de Energia (URE)
faz parte de um projeto idealizado por uma parceria público-privada
da prefeitura de São Bernardo do Campo.
A
URE será capaz de processar até 1 mil toneladas de lixo por dia,
gerando 30 MW de energia elétrica – quantidade suficiente para
abastecer uma cidade de 200 mil habitantes.
O
local escolhido para a instalação da unidade é o antigo lixão do
Alvarenga, desativado há 10 anos, com uma área total de 35 mil m².
O valor total orçado para a concepção da usina é de R$ 600
milhões, montante que engloba a própria construção da unidade e a
recuperação do terreno, com a captura dos gases e tratamento do
chorume remanescentes da antiga finalidade do terreno. A expectativa
é que a obra seja iniciada em janeiro e os primeiros testes de
incineração do lixo comecem no meio de 2014.
São
Bernardo tem um custo médio de R$ 280,00 o Megawatt-hora (MWh) de
energia, com a produção da energia do lixo vinda da usina este
valor cai para R$ 220,00. Outro benefício será a diminuição
drástica na quantidade de resíduos destinados ao aterro de Lara,
localizado em Mauá.
A
URE vai contar com áreas de recepção de resíduos, armazenamento,
fornos combustíveis, filtros, caldeiras, equipamentos de geração
de energia, equipamentos de controle de poluição do ar, sistema de
tratamento de águas residuais, chaminés, dispositivos e sistemas de
controle das operações dos fornos e de registro e monitoramento das
condições de operação.
Atualmente,
São Bernardo do Campo produz 670 toneladas de lixo por dia, e a
ideia é que a partir do terceiro ano de funcionamento a usina já
receba 60% desse montante. Entre o quinto e sexto ano o percentual
aumentará para 80% e, por fim, 90% no sétimo ano, com a unidade
atingindo sua capacidade máxima.
Os
resíduos que não serão processados na usina, fazem parte de outro
elemento do projeto. A prefeitura estipulou uma meta para que até
em 2017, 10% do lixo da cidade seja reciclado. Assim, antes dos
resíduos serem encaminhados para a URE, eles serão selecionados e
separados em seis centrais de triagem.
O
projeto prevê uma parceria público-privada com uma concessão de 30
anos prorrogáveis, cujo valor total para contratação é de R$ 3,6
bilhões.
A
prefeitura ganha a oportunidade de deixar um grande legado no quesito
do manejo de resíduos sólidos e a empresa privada poderá fazer um
investimento com a certeza de retorno futuro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário