domingo, 17 de maio de 2020

MARKETING POLÍTICO NAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS DE 2020




Por: Ilo Jorge de Souza Pereira - Especialista em Gestão Pública e Política
A política nesse mundo globalizado, tende a receber, no Brasil, tratamento cada vez mais sofisticado e profissional.
Os tempos são outros, de mudanças e inovações com tecnologias da informação crescentes e cada vez mais exigentes, a sociedade não admite improvisações, quer resultados exitosos a curto prazo.
Logo o marketing político, está fadado a instalar-se definitivamente no País das eleições.
As dicas que vamos apresentar, com certeza poderão fazer sua campanha eleitoral vitoriosa.
E vamos a essas dicas:
A - Escolher uma estratégia de marketing adequada
Que podem ser o marketing: não diferenciado, diferenciado e concentrado.
O não diferenciado serve para o político projetar sua mensagem de maneira massiva, dirigindo-se a todos os segmentos sociais indistintamente.
Diferenciado é apropriado para o político planejar sua campanha com mensagens aos diversos segmentos de eleitores.
O concentrado é adequado para se trabalhar especificamente determinada faixa de eleitores, concentrando-se a força da campanha numa única faixa do mercado.
B - Definir os segmentos–alvo e periféricos de eleitores
É tarefa importante, a localização geopolítica do eleitorado que se quer trabalhar e a identificação dos comportamentos do eleitor - alvo.
Levando-se em consideração as pequenas distancias o baixo custo operacional e um grande volume de votos a ser conquistado, é o chamado custo benefício da campanha.
Até para Lei Orgânica dos Partidos Políticos o voto tem preço, é só acessar o Fundo Partidário. E a partir dessa eleição municipal entre em vigor o FUNDÃO – Fundo Público de Financiamento de Campanha.
C - Saber ler o meio ambiente e identificar riscos e oportunidades
Procurar interpretar as necessidades, percepções, preferências, motivações, satisfações desses grupos é, em última análise, embasar as campanhas com fortes tons de realidade, como por exemplo:
O despertar da consciência política de segmentos estagnados e revoltados com a classe política (empresarial, estudantil, comunitários, sociais etc).
Fortalecimento das entidades representativas da sociedade civil organizada, os movimentos de massa, as redes sociais, quando bem trabalhadas são fortes aliados. O que não nos falta são exemplos nas redes sociais – Bolsonaro é um deles.
D - Desenvolver um conceito e uma identidade
Desenvolver um conceito é agregar a filosofia política do candidato, o estilo de conduta, as qualidades, os antecedentes, as características físicas e comportamentais, bem como as ações do candidato no binômio - espaço x tempo.
Candidato é um produto a ser vendido.
Quando o produto é bom, como diz o vendedor “ Não se vende, se tira o pedido” e se espera pela entrega.
E - Evitar situações, atos e discursos inadequados
É importante observar os comportamentos inadequados, que abrangem o vestuário, as maneiras de se expressar, declarações feitas, ações, apresentações pessoais, dentre outras…..
Lembrem-se que: discursos difusos, inconsistentes, confusos, só afastam o eleitor.
É necessário lembrar que muitos eleitores votam conscientemente. E que o País está dividido pelas ideologias, direita versus esquerda, democracia versus ditadura, e por aí vai.
É importante lembrar alguns fatos históricos: Roberto Magalhães perdeu a eleição para João Paulo, e um dos motivos - por praticar um ato obsceno (dar banana) a militância do PT em caminhada realizada em Boa Viagem, um bairro do Recife.
F - Testar o conceito e a identidade antes do lançamento
Principalmente para os candidatos de primeira viagem.
Para os antigos, será útil um reexame de posições e valores que formam seu conceito.
Não é sem sentido que muitas raposas políticas perderam eleições.
Como exemplos de: Lula, Miguel Arraes, Brizola, Roberto Magalhães, Jarbas Vasconcelos, José Serra, Aécio Neves, dentre outros.
G - Analisar os concorrentes e seu perfil político
Conhecer os concorrentes, analisar seus potenciais, suas formas de condutas e os eleitorados-alvo que procuram atingir, constituem medidas de amplo alcance, pelas possibilidades que oferece, pois, conhecendo bem os adversários, um candidato fortalecerá sua estratégia de atração (política/financeiro/apoios).
Em política, dependendo do tipo de eleição, o concorrente pode estar no mesmo partido, principalmente quando se trata de eleições proporcionais (Vereadores).
Com a instituição da fidelidade partidária imposta pelo TSE, no pós-eleitoral o seu principal concorrente – o primeiro suplente é um potencial adversário.
O patrulhamento ideológico agora aumentou, como se não bastasse a Lei das Cassações nº 9.840 e a Complementar nº 135, que instituiu a Ficha Limpa.
H - Ganhar projeção em entidades representativas de classes
É uma boa maneira de projeção política.
Se puder receber apoio de entidades tipos: Sindicatos dos Servidores do Município, CDL, Associações de Moradores, Movimentos Sociais Organizados, segmentos religiosos dentre outros, o candidato terá facilitado sua trajetória vitoriosa.
Essas entidades representam uma gama de eleitores, que poderão se transformar em votos potenciais.
I - Ganhar a confiança do Partido
O candidato deve ser bem visto pelo partido, principalmente, no que concerne a fidelidade ideológica e disciplina partidária.
A máquina partidária, através do Fundo Partidário e do Fundão pode ajudar no seu sucesso eleitoral, hoje as doações são públicas via partidos políticos.
Alguns partidos políticos usam como estratégia eleitoral a concentração, isto é, priorizar determinado candidato, de determinado Município, e dar carga total em sua candidatura.
J - Definir com muito cuidado a estratégia de comunicação
Esse deve constituir-se um dos principais objetivos do candidato, e uma das principais ferramentas do marketing político.
Definir o composto comunicacional é selecionar a mídia de massa, os canais mais seletivos, os instrumentos de promoção, principalmente as redes sociais.
Costuma-se perder dinheiro, e consequentemente votos, quando não se racionaliza o pacote comunicativo, os programas de ação política deverão estar ajustados ao perfil traçado para a campanha.
K - Preparar um bom plano e um eficiente cronograma
É importante saber que o candidato irá percorrer uma trajetória que passam pelas fases de: Filiação, Pré Campanha Eleitoral, Convenção e Campanha Eleitoral propriamente dita. É como se fosse uma prova de atletismo do tipo TRIATLO - competição que inclui três atividades esportivas diferentes. Uma campanha passa por desenvolvimento, período de maturação e ponto de altura máxima, o pico da eleição.
O calendário deve ser programado para o candidato atingir o pico da maturidade no dia da eleição, evitando assim o período de declínio (a queda).
Lembre-se que Paulo Câmara, apoiado por Eduardo Campos partiu de 4% e venceu Armando Monteiro, que no mesmo período tinha 38%, e por incrível que pareça, ainda no primeiro turno das eleições de 2014.
L - Conseguir um sólido esquema de financiamento
O candidato precisa se articular para conseguir um esquema de financiamento. É comum os patrocínios a candidatos, até porque a lei eleitoral nº 9.504/97, e suas alterações permite a doação de pessoa física, bem como o financiamento público através do FUNDÃO.
O que não pode numa campanha eleitoral é faltar recursos para concretizar o planejamento estabelecido (programas).
O carisma do candidato pode até garantir um bom posicionamento, mas é duvidoso fazer vitoriosos.
Foram poucos os “mitos” na história política do Brasil.
Os mais conhecidos foram Getúlio Vargas, Miguel Arraes, Leonel Brizola, Lula, e agora o Bolsonaro, mas lembrem-se que o apoio financeiro e político são de fundamentais importâncias em qualquer eleição.
M - Arregimentar grupos para trabalhos voluntários
Os grupos de voluntários são peças estratégicas de excelentes resultados nas campanhas eleitorais e até mesmo nos diversos setores sociais e econômicos.
Alguns políticos já usam essas estratégias, com grupos de amigos organizando encontros, reuniões, visitas, caminhadas, até torneio de futebol e dominó apresentando o seu candidato.
O candidato deve está onde o eleitor estar.
Ocupar espaço é uma estratégia necessária em qualquer eleição.
E com a redução do tempo de campanha e das doações das empresas, o voluntariado é uma boa saída para a crise financeira das eleições.
N - Formar uma ampla base de alianças
Essa base de compromisso é extremamente eficaz para a regionalização das campanhas eleitorais.
A formação de alianças é uma iniciativa que deve ser tomada com bastante antecedência pelo candidato e seus assessores.
Não se pode perder tempo neste setor. É bom lembrar que o período das convenções é de 20 de julho a 05 de agosto. Em 15 de agosto é o prazo máximo de registo de candidaturas, e daí para frente é só eleição.
Uma base partidária ampla, significa mais tempo no guia eleitoral, mais mídia institucional - as chamadas inserções de 30 segundos, e o mais importante, o palanque eletrônico, que hoje é quem vem decidindo as eleições, principalmente nas capitais e nos municípios com mais de duzentos mil eleitores por conta de possíveis segundo turno.
O – Escolher equipes profissionais de assessores
É bom lembrar que equipes profissionais que administram campanhas eleitorais veem os candidatos como um produto, que devem ser bem vendidos para ter sucesso e planejam as medidas necessárias para isto, sem erros ditados por paternalismo, achismo ou emocionalismo.
Para certas tarefas o candidato poderá se utilizar dos familiares e amigos.
Mas de um modo geral é um perigo deixar a campanha em mãos amadoristas. É bom ter cuidado com os “PITAQUEIROS” aqueles que acham tudo.
P – Ter disposição e método de trabalho
A partir do momento que decide se candidatar o político se transforma numa espécie de ser coletivo. Logo, deverá ter disposição para participar de todos os acontecimentos sociais e significativos na sua base eleitoral.
O bom candidato não perde tempo, está sempre presente em todos os momentos políticos e sociais de relevo na sua comunidade.
É importante ser assíduo, pontual e obediente a sua assessoria.
Pois quem não se planeja, não se estabelece, diz o ditado popular.
Q – Conhecer as pesquisas de opinião, mas não se impressionar
O mais importante é não se impressionar com os resultados das pesquisas, sejam elas favoráveis ou não.
Se as pesquisas merecem crédito, os resultados contribuirão para ajustar a campanha.
Quando as pesquisas influenciam o ânimo do candidato, o sinal vermelho do perigo se acende.
A frieza, nesses casos, é de fundamental importância.
Lembre-se que a pesquisa mede o desempenho do candidato naquele momento, logo um fato novo pode mudar o cenário eleitoral totalmente. A morte de Eduardo Campos, alavancou a campanha de Paulo Câmara levando-o a vitória.
R – Realizar periódicas avaliações de desempenho
É importante identificar periodicamente os pontos fortes e fracos da campanha, bem como os pontos fortes e fracos dos concorrentes, é medida mais que necessária – é estratégica.
Essas avaliações são feitas pela equipe de assessores.
S – Ter flexibilidade e exibir jogo de cintura
Como a política é a arte de engolir sapos, como dizia Leonel Brizola.
O político é um ser flexível por essência.
Adapta-se às circunstâncias, veste-se de acordo, toma café da manhã com militantes, batiza filhos de amigos, solta preso, dá carta de recomendação para empregos, e…....
Logo a flexibilidade é uma marca da campanha de qualquer candidato.
T – Desenvolver boa presença em comícios
O candidato deve procurar desenvolver certas habilidades no trato com a palavra.
Conhecendo o tipo de público que o assiste, será possível desenvolver uma linguagem adequada aos ouvintes.
Exige-se boa presença até nos comícios-relâmpagos, palco adequado para frases de efeitos e massificação da campanha.
Com o fim das apresentações de artistas em eventos eleitorais e o avanço das redes sociais na vida das pessoas, levar o povo ao comício é tarefa das mais árduas nos dias de hoje.
U – Preparar-se para debates na mídia
As eleições serão fortemente influenciadas pela mídia eletrônica e redes sociais.
A cadeia de TV e rede de rádio, para muitos candidatos, serão fortes eleitores.
Preparar-se para enfrentar debates na TV, nas universidades, nas associações e nas rádios, é medida de bom senso.
Papers especializados, preparados pela assessoria, constituem um bom indicativo.
O debate é a oportunidade que tem o candidato para tirar partido das fraquezas dos adversários e conquistar os votos necessários a sua vitória.
V – Alcançar pontos de equilíbrio em todos os programas
A tendência de alguns candidatos é reforçar certos programas, de acordo com sua personalidade e valores.
O ideal é perseguir pontos de equilíbrio em todos eles, formando uma homogeneidade necessária à eficácia da campanha.
É claro que tudo isso depende das regiões de sua atuação e do cronograma da campanha.
X – Convergir os enfoques, os apelos e os materiais para um mesmo ponto até com o Corona Vírus
Cuidados devem se tomar para que a massa de apelos não prejudique a unicidade do discurso.
O leque de situações variadas tende a fragmentar a direção de uma campanha.
Agora, mudando de assunto, “Segundo os especialistas do marketing político as Eleições de 2020, serão decididas pelas Redes Sociais”. E seguem as receitas:
 
1. Os especialistas ensinam a utilizar os diferentes canais digitais como palanque eleitoral e destacam o fato do Brasil ser o terceiro país que mais fica online no mundo – as redes sociais uma são realidades.
2. Também chamam atenção para o fato das mulheres conquistarem cada vez mais espaço na política, tanto como eleitoras, quanto nos cargos eletivos ou técnicos, e apresentam uma série de pesquisas, uma espécie de raio-x nos números de usuários das redes sociais no Brasil.
3. Para finalizar, advertem sobre o perigo das fake news e te dá umas dicas para reverter o jogo e se transformar em uma fonte confiável de informação entre o eleitorado.
4. Agora uma propaganda em desconformidade com as normas eleitorais podem gerar multas que variam de 5 mil a 105 mil UFIs ou penalidades ainda mais graves, do tipo impugnação do registro da candidatura até a cassação do diploma de vereador eleito.
5. Então é necessário veicular sua pré campanha em conformidade com a lei eleitoral. Não vai adiantar ganhar uma eleição no voto e perder no “TAPETÃO” da Justiça Eleitoral, a dita vitória de Pirro.
6. A forma de fazer uma pré-campanha eleitoral foi alterada com a chegada do Coronavírus e que pode perdurar por algum tempo.
7. Lembre-se que isolamento social não é sinônimo de ficar parado e a sua pré campanha eleitoral pode ser feita de casa. Sim em casa!
8. Precisamos nos adaptar ao momento que o Brasil vive. O momento é de comoção social, mas também é político. Então vamos a caça do voto!
9. Por isso, você precisa se preparar para este momento sem prejudicar sua candidatura. As redes sociais vão te auxiliar e trazer clareza neste momento de instabilidades e incertezas.
10. Use sempre as redes sociais e faça uma pré-campanha bem sucedida. A sua vitória pode está na palma da sua mão.
Z – Fazer uma boa comemoração ou preparar-se para a próxima campanha
Tudo terminado, o jeito é comemorar.
E comemorar faz parte do MARKETING POLÍTICO.
Se nada der certo, não deve o candidato esmorecer.
O bom político, no dia seguinte à eleição, está trabalhando para a próxima batalha.
Portanto, mãos à obra.
Mas, esperamos e desejamos que tudo dê certo.
Sobre o autor
Possui graduação em Matemática pela Universidade Católica de Pernambuco – UNICAP, especialista em matemática aplicada, cálculo integral e diferencial é Pós-Graduado como Gerente de Cidades pela Faculdade de Administração da Universidade de Pernambuco – UPE, Especialista em Gestão de Petróleo e Gás Natural pela FADEPE-PE e Direito Administrativo pela Universidade Cândido Mendes. Atualmente é professor universitário e consultor em gestão pública, para assuntos de Segurança, Trânsito, Transportes Públicos e Mobilidade Urbana, Diretor do Socuca Colégio e Curso, professor do Instituto de Gerenciamento das Cidades - IGC e do Núcleo de Pós-Graduação da Faculdade Escritor Osman da Costa Lins - FACOL. Ministra cursos de formação profissional nos sites de educação a distância: www.bravacursos.com.br; www.learncafe.com.br e www.buzzero.com.br. Escreve para o blog: O Portal da Gestão Pública e realiza palestras.






Nenhum comentário:

Postar um comentário