Por:
Ilo Jorge de Souza Pereira
Especialista
em Gestão Pública e Política.
CONSTRUINDO UM ATERRO SANITÁRIO
O
Aterro Sanitário é a forma de disposição final mais conhecida
mundialmente. Deve ser projetado para receber e tratar o lixo
produzido pelos habitantes de uma cidade, com base em estudos de
engenharia, para reduzir ao máximo os impactos causados ao meio
ambiente e evitando danos a saúde pública.
A
disposição de resíduos sólidos orgânicos em aterros sanitários
exige cuidados adicionais na concepção do projeto, assim como na
manutenção e operação de um aterro sanitário.
No
processo de decomposição dos resíduos sólidos, ocorre a liberação
de gases e líquidos (chorume ou percolado) muito poluentes, o que
leva um projeto de aterro sanitário a exigir cuidados como
impermeabilização do solo, implantação de sistemas de drenagem
eficazes, entre outros, evitando uma possível contaminação da
água, do solo e do ar.
Para
ser qualificado como Disposição final ambientalmente adequada, o
aterro sanitário precisa se encaixar perfeitamente no conceito da
Política Nacional de Resíduos Sólidos - PNRS que defini como
disposição final ambientalmente adequada como sendo a “distribuição
ordenada de rejeitos em aterros, observando normas operacionais
específicas, de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à
segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos.”
Corte
da seção de um aterro sanitário
Portanto
para ser chamado de aterro sanitário são necessários no mínimo as
seguintes características a central:
Unidades
Operacionais:
-
Possibilidade de alojamento em células especiais para vários tipos de resíduos;
-
Células para rejeitos oriundos do lixo domiciliar;
-
Células de lixo hospitalar (caso o Município não disponha de processo mais efetivo para dar destino final a esse tipo de lixo);
-
-
Isolamento inferior não permitindo que o chorume atinja os lençóis freáticos;
-
Sistema de coleta e tratamento dos líquidos percolados (chorume), resultante da decomposição da matéria orgânica;
-
Sistema de coleta e tratamento dos gases do aterro;
-
Isolamento superior evitando contaminação do ar e atração de animais que se alimentem dos resíduos orgânicos
-
O isolamento superficial (superior) deve ser feito diariamente
-
Sistema de drenagem pluvial para evitar que a água da chuva penetre no aterro e dessa forma gere ainda mais chorume
-
Pátio de estocagem de materiais;
Modelo
de um Aterro Sanitário
Unidades
de apoio:
-
Cerca e barreira vegetal;
-
Estradas de acesso e de serviço;
-
Balança rodoviária e sistema de controle de resíduos;
-
Guarita de entrada e prédio administrativo;
-
Oficina e borracharia.
Os
aterros sanitários podem ser divididos basicamente em dois tipos:
-
Aterro Sanitário Convencional – Os resíduos são depositados acima no nível do solo para posteriormente serem compactados.
-
Aterro Sanitário em valas – Os resíduos são depositados em valas para facilitar a formação de células e camadas assim sua manutenção. Depois de preencher uma célula ou trincheira o aterro deve voltar a ter a mesma topografia inicial.
Aterro
Sanitário Convencional
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Aterro
Sanitário em valas
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Capacidade
de armazenamento e Vida Útil do Aterro
A
Capacidade de armazenamento e Vida Útil do Aterro são palavras
comumente usadas por quem tem alguma ligação com a área. Entenda
os conceitos:
-
Capacidade de armazenamento – Volume total em m³ reservados para acondicionar os resíduos sólidos
-
Vida Útil – Tempo estimado que o aterro estará em funcionamento até que sua capacidade de armazenamento total seja alcançada.
Para
se calcular então a capacidade de armazenamento e a vida útil de um
aterro, é necessário conhecer a quantidade de resíduos que serão
destinadas ao aterro diariamente. Se o aterro estiver sido construído
para receber 100% dos resíduos sólidos da(s) cidade(s), a
quantidade de resíduos é a mesma diagnosticada pelo Plano de Gestão
Integrada de Resíduos Sólidos da(s) cidade(s).
De
uma maneira simples e não oficial, você mesmo pode calcular a
capacidade de armazenamento de um aterro assim como sua vida útil.
Veja como:
Capacidade
de Armazenamento (m³) = Quantidade diária de resíduos destinada ao
aterro (m³/d) * Vida Útil (em dias)
Normalmente
um aterro sanitário é construído para poder receber 100% dos
resíduos de uma sociedade composta de um ou mais municípios para um
prazo (vida útil) de pelo menos 20 anos.
Depois
disso e esgotado sua vida útil, o mesmo deve então ser fechado e o
gestor público deve buscar outro local para a disposição final do
lixo da cidade. A técnica de compactação dos resíduos visa
aumentar a vida útil do aterro sanitário.
Não
deixe de ver também esse vídeo sobre um aterro sanitário em
Barueri-SP construído obedecendo todas as normas sanitárias e
servindo de modelo para aterros no Brasil.
Seleção
de áreas para a implantação de aterros sanitários
Um
dos requisitos para o cumprimento da Lei nº 12.305/2010 é a escolha
de áreas
favoráveis para a destinação ambientalmente adequada de resíduos
sólidos.
Essa escolha deve obedecer a uma série de critérios para ser
aprovada.
A
escolha de um local para a implantação de um aterro sanitário não
é tarefa simples. O alto grau de urbanização das cidades,
associado a uma ocupação intensiva do solo, restringe a
disponibilidade de áreas próximas aos locais de geração de lixo e
com as dimensões requeridas para se implantar um aterro sanitário
que atenda às necessidades dos municípios.
Considerações
atuais sobre aterros sanitários
Até
os anos 80, o aterro consistia na principal solução para a
disposição final de resíduos sólidos no mundo. Com a mudança de
percepção ambiental e o entendimento que dispor resíduos é aterro
é não aproveitar os recursos naturais se caracterizando como uma
sociedade puramente extrativista, os aterros sanitários começaram a
receber cada vez menos resíduos como consequência do aumento do uso
de técnicas de reciclagem e tratamento de resíduos.
Hoje
em dia, o maior objetivo dos ambientalistas é ter produtos que sejam
100% recicláveis ou de alguma forma possam receber tratamentos e
voltarem à cadeia produtiva. Dessa forma, os aterros se tornam
desnecessários para as sociedades modernas.
Países
como a Alemanha conseguem aumentar cada vez mais a vida útil de seus
aterros porque investem massivamente em técnicas de reaproveitamento
de resíduos como a reciclagem e o tratamento dos resíduos
orgânicos. Essas técnicas encontram-se tão avançadas que o país
proibiu a construção de novos aterros sanitários.
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