terça-feira, 26 de junho de 2018

A CONCENTRAÇÃO DE RECURSOS DIFICULTA A RENOVAÇÃO POLÍTICA



A concentração de recursos financeiros nos partidos deve criar dificuldades para o processo de renovação política. 
 
Essa foi uma das conclusões do painel “Como fazer campanha com mais ética e menos dinheiro”, realizado ontem, durante o Fórum Estadão - Faap Campanha Eleitoral e Fake News. 
 
Participaram do debate o publicitário Lula Guimarães, coordenador de campanhas eleitorais – e atualmente trabalhando com o presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB); Caio Magri, Marcos Rosenthal presidente do Instituto Ethos; Rafael Cortez, cientista político da Consultoria Tendências; e Celso Matsuda, professor de Marketing Político da Faap.

Para entender a relevância do poder econômico nas campanhas, o professor Celso Matsuda sugeriu um olhar sobre as eleições anteriores. A campanha eleitoral de 2014, por exemplo, foi considerada a mais cara da história da democracia brasileira, com custo total de R$ 5,1 bilhões, segundo levantamento feito pelo Estado nas despesas declaradas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que calculou o total gasto por candidatos a deputado, senador, governador e presidente.

Em 2002 o valor total gasto foi de R$ 792 milhões. Nas eleições proporcionais, os deputados eleitos gastaram aproximadamente 11 vezes mais do que os não eleitos – R$ 1,422 milhão para cada, em média, o que dá um custo total de R$ 723 milhões.

A criação do fundo eleitoral não corrigiu essa distorção. Ele vai continuar criando facilidades às lideranças partidárias e os candidatos com poder de autofinanciamento.
 
Tudo isso dificulta a renovação política – que não deve ocorrer”, disse Matsuda.
É preciso acabar com o mito da renovação no Congresso. Essa renovação de 50% a cada eleição não é real. Ela representa a eleição de filhos, sobrinhos ou correligionários de velhos políticos.”

Para Magri, “quem definiu as regras do jogo são aqueles que querem continuar jogando”. “As regras estabelecidas deram aos partidos a possibilidade definir que os recursos do Fundo Partidário vão para quem já está no Congresso ou para um pequeno grupo fechado.
 
Há uma expectativa de renovação na sociedade que os partidos vão falhar em atender”, disse.

Rafael Cortez afirmou que é preciso regular a influência do dinheiro “como forma de tornar a democracia mais representativa”. “O fim da doação de pessoas jurídicas ataca parte dessa influência”, completou.

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