A
concentração de recursos financeiros nos partidos deve criar
dificuldades para o processo de renovação política.
Essa
foi uma das conclusões do painel “Como fazer campanha com mais
ética e menos dinheiro”, realizado ontem, durante o Fórum Estadão
- Faap Campanha Eleitoral e Fake News.
Participaram
do debate o publicitário Lula Guimarães, coordenador de campanhas
eleitorais – e atualmente trabalhando com o presidenciável Geraldo
Alckmin (PSDB); Caio Magri, Marcos Rosenthal presidente do Instituto
Ethos; Rafael Cortez, cientista político da Consultoria Tendências;
e Celso Matsuda, professor de Marketing Político da Faap.
Para
entender a relevância do poder econômico nas campanhas, o professor
Celso Matsuda sugeriu um olhar sobre as eleições anteriores. A
campanha eleitoral de 2014, por exemplo, foi considerada a mais cara
da história da democracia brasileira, com custo total de R$ 5,1
bilhões, segundo levantamento feito pelo Estado nas despesas
declaradas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que calculou o total
gasto por candidatos a deputado, senador, governador e presidente.
Em
2002 o valor total gasto foi de R$ 792 milhões. Nas eleições
proporcionais, os deputados eleitos gastaram aproximadamente 11 vezes
mais do que os não eleitos – R$ 1,422 milhão para cada, em média,
o que dá um custo total de R$ 723 milhões.
“A
criação do fundo eleitoral não corrigiu essa distorção. Ele vai
continuar criando facilidades às lideranças partidárias e os
candidatos com poder de autofinanciamento.
Tudo
isso dificulta a renovação política – que não deve ocorrer”,
disse Matsuda.
“É
preciso acabar com o mito da renovação no Congresso. Essa renovação
de 50% a cada eleição não é real. Ela representa a eleição de
filhos, sobrinhos ou correligionários de velhos políticos.”
Para
Magri, “quem definiu as regras do jogo são aqueles que querem
continuar jogando”. “As regras estabelecidas deram aos partidos a
possibilidade definir que os recursos do Fundo Partidário vão para
quem já está no Congresso ou para um pequeno grupo fechado.
Há
uma expectativa de renovação na sociedade que os partidos vão
falhar em atender”, disse.
Rafael
Cortez afirmou que é preciso regular a influência do dinheiro “como
forma de tornar a democracia mais representativa”. “O fim da
doação de pessoas jurídicas ataca parte dessa influência”,
completou.
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