Por: Ilo Jorge de Souza Pereira
Especialista em Gestão Pública e Política.
UM POUCO SOBRE AS ESTATÍSTICAS
DE TRÂNSITO
A Convenção sobre Trânsito
Viário, celebrada em Viena em novembro de 1968, entrou em vigor para o Brasil
em outubro de 1981.
O sistema de trânsito ocupa um papel de
destaque sob o aspecto social e econômico, na medida em que envolve, no dia a dia,
praticamente os cidadãos e cidadãs de todo o mundo, no exercício do seu direito
de ir e vir, de se locomover livremente para satisfação de suas necessidades,
em busca de seu bem estar e o da comunidade em que vive.
Diversos são os meios de locomoção por via
terrestre que envolvem diretamente o cidadão e o transporte de vários produtos
em seu benefício.
Tais dinâmicas, intensas e ininterruptas,
caracterizam o trânsito em seus desdobramentos urbanos, regionais e nacionais,
o qual se organiza em um sistema nacional que deve produzir resultados focados
no cidadão.
Essas dinâmicas geram inúmeros problemas,
desafiando governos e toda a coletividade para a sua solução.
Tais problemas traduzem-se, por exemplo, em
elevadas taxas de ocorrência e de severidade de acidentes de trânsito, em
congestionamentos e na degradação do ambiente urbano, influenciando
negativamente a qualidade de vida da população.
No estudo “Impactos Sociais e Econômicos
dos Acidentes de Trânsito nas Aglomerações Urbanas Brasileiras”, publicado em
2003, é citado que os acidentes são, no mundo, a principal causa de morte entre
as pessoas de 16 a 24 anos.
O
custo total é estimado em mais 162 bilhões de dólares.
Os dados europeus mostram ainda que o número
de anos perdidos por acidentes de trânsito é menor apenas que aqueles perdidos
por doenças cardíacas e vasculares e é maior do que os anos perdidos por causa
do câncer.
Uma em cada dez pessoas envolvidas em
acidentes de trânsito apresenta sintomas psicotraumáticos mais ou menos
severos, que permanecem por um longo tempo após o acidente.
Nas áreas urbanas, os números são
preocupantes.
Sob a perspectiva social, estudos realizados
nos países em desenvolvimento mostram que os pedestres, ciclistas e
motociclistas representam 56% a 74% dos mortos no trânsito.
Essa é a maior diferença com respeito aos
países desenvolvidos, onde, de acordo com os dados do Banco Mundial, o
percentual de mortes de pedestres em relação ao total de mortes no trânsito é
significativamente menor (20% na Europa/EUA) do que o registrado na América
Latina (60%), na África (45%), no Oriente Médio (51%) e na Ásia (42%).
De acordo com a Organização Mundial de
Saúde – OMS, os países são diferentes em seus padrões de utilização das
estradas e nos tipos de acidentes e sequelas, e também na realização de ações
de prevenção e redução.
Na maioria dos países desenvolvidos, os
carros fazem a maior parte do tráfego nas estradas.
Já nos países
subdesenvolvidos e em desenvolvimento, pedestres, motonetas, motocicletas são
mais comuns.
Nesses países o transporte público, tais
como vans, mini-ônibus, ônibus e outros de duas ou três rodas são difundidos.
Em alguns desses veículos, os passageiros
permanecem em pé ou sentados em locais não designados ou apropriados em termos
de segurança.
“Essas diferenças têm um
importante impacto na ocorrência dos acidentes entre os diferentes tipos de
usuários das estradas”.
Em 2003, um estudo do Conselho Europeu de
Segurança nas Estradas demonstrou que para cada quilômetro rodado nas estradas
dos países da União Europeia, uma pessoa de bicicleta é oito vezes mais
propensa a ser morta do que uma pessoa em um carro; um pedestre é nove vezes e
um motociclista é vinte vezes mais propenso a ser morto.
Mais uma vez, esses padrões são diferentes
nos diversos países.
A OMS aponta ainda que
os idosos e as crianças são os mais frágeis no contexto do trânsito.
Os primeiros por serem menos alertas e mais
lentos.
Os idosos em geral apresentam grande chance
de se envolverem em acidentes sendo mais propensos à mortalidade ou a
consequências mais graves.
Outro aspecto ressaltado pela OMS é a rede
formada pelas pessoas diretamente relacionadas – amigos, vizinhos, parentes,
empregados, professores – às vítimas fatais e aos gravemente feridos em
acidentes de trânsito – considerados vítimas primárias.
Todos envolvidos na rede podem experimentar
transtornos de saúde física, psicológica ou social de curta ou longa duração,
todos podem ser afetados em maior ou menor grau.
Estima-se que, em todo o mundo, cerca de
100 milhões de famílias estão sofrendo com as mortes e sequelas irreversíveis
de seus membros vítimas de acidentes de trânsito, recentemente ou no passado.
O TRÂNSITO NO BRASIL
No Brasil, estima-se uma frota aproximada
de 36 milhões de veículos – 70% dos quais se concentram nas Regiões Sul e
Sudeste do país.
A indústria automotiva brasileira é
composta por empresas multinacionais e nacionais montadoras e de autopeças,
sendo que a produção de automóveis corresponde a mais de 80% da produção.
Não obstante esses
dados, nas áreas urbanas – onde reside a imensa maioria da população – o
percurso a pé somado ao uso do ônibus constituem as formas dominantes de
deslocamento.
FROTA DE VEÍCULOS NO BRASIL
Os índices de acidentes de trânsito têm se
mostrado uma grave questão.
A incompatibilidade entre o ambiente
construído das cidades, o comportamento dos motoristas, o grande movimento de
pedestres sob condições inseguras, faz o Brasil deter um dos mais altos índices
de acidentes de trânsito em todo o mundo.
A gravidade do problema se revela tanto no
número absoluto de acidentes quanto nas taxas proporcionais à frota veicular e
às populações consideradas.
De acordo com dados do Departamento Nacional
de Trânsito - DENATRAN, os acidentes no país entre 1961 e 2000,
multiplicaram-se por 15, enquanto o número de mortes aumentou em 6 vezes.
A taxa de óbitos por habitantes cresceu nas
duas primeiras décadas do período em questão, apresentando tendência de queda
nas duas últimas, assim como o índice de mortes por veículo.
Não obstante tais quedas, os números
mantêm-se preocupantes.
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