Depois da história de frustração em 2018, a indústria deve registrar
alguma recuperação em 2019, influenciada pela retomada da economia em
geral. Mas o crescimento previsto por analistas, em torno de 3%, ainda é
modesto diante do desempenho ruim dos últimos anos. Em outubro, último
dado disponível, a produção estava 16% abaixo de seu ponto mais alto, em
maio de 2011.
Embora tenha saído do "fundo do poço", o setor ainda vai enfrentar um cenário difícil no ano que vem. No front interno, embora se espere um aumento no consumo das famílias, o desemprego deve se manter muito alto, limitando grandes avanços de produção. No cenário externo, a crise na Argentina, importante mercado para a produção da indústria brasileira, e a provável desaceleração da economia mundial podem enfraquecer as exportações. As vendas de veículos para o país vizinho, por exemplo, caem há meses. Recentemente, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, afirmou que 2019 será um ano difícil, "de arrumar a casa". A entidade estima crescimento de 3% no PIB industrial no período e uma alta de 2,7% no PIB.
Depois de voltar ao positivo em 2017 (crescimento de
2,1%), após três anos de perdas em 2014 (-3%), 2015 (-8,3%) e 2016
(-6,4%), esperava-se um desempenho mais robusto da indústria em 2018.
Vários fatores impediram um avanço maior: a piora das condições
financeiras no primeiro trimestre, a greve dos caminhoneiros em maio, as
incertezas eleitorais no segundo semestre. O resultado é que no
acumulado até outubro deste ano a indústria cresceu menos (1,8%) que em
2017 (2,1%).
Outro dado que mostra a desaceleração do processo de
recuperação do setor em 2018 é a ociosidade. De acordo com informações
da CNI, em outubro - dado mais recente - a utilização da capacidade
instalada (UCI) era menor em oito de 19 segmentos da indústria de
transformação, na comparação com o mesmo período de 2017. O segundo
semestre tem sido mais fraco. Segundo cálculo do pelo Instituto de
Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), a produção acumula
alta de 1,2% de julho outubro, na comparação com o mesmo período do ano
anterior, ritmo mais fraco que o do primeiro semestre, de 2,2%.
Enquanto isso, a produção de bens intermediários, que é o
cerne da produção industrial, vai mal e reflete a perda de dinamismo do
setor em geral. "No segundo semestre de 2018, as quedas mais fortes vêm
de intermediários para setores alimentícios e têxteis, mas também
perderam muito ritmo aqueles para indústria automobilística", anota a
análise do Iedi. A produção de intermediários cresceu apenas 0,5% no
período de julho a outubro, sobre o mesmo período do ano anterior, um
ritmo que é um sexto dos 3% registrados na segunda metade de 2017.
FONTE: VALOR ECONÔMICO
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