segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Estudos ligam acesso facilitado a armas a suicídios e acidentes

Ainda que a intenção de quem compra uma arma de fogo seja proteger a família, evidências científicas sugerem que o resultado pode ser o contrário.
Estudos apontam que a presença de armas em uma casa está estatisticamente vinculada a riscos mais do que a possíveis benefícios, podendo elevar as chances de suicídios, de acidentes fatais com crianças e de uma mulher ser morta por um parceiro violento. Por outro lado, a presença de armas pode potencialmente dissuadir criminosos de invadirem um lugar onde podem ser recebidos com tiros.
"O argumento que se faz a favor das armas é o da dissuasão do criminoso. Ele é plausível, mas falacioso porque se aplica a latrocínios, que representam uma parcela pequena do total de homicídios no Brasil", argumenta o economista Rodrigo Soares, pesquisador da área de segurança pública e professor da Universidade Columbia (EUA). De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2018, apenas 3,6% dos homicídios ocorreram em roubos seguidos de morte.
Para Soares, neste contexto, mesmo que seja teoricamente válido, o benefício da dissuasão da criminalidade violenta não tem como ser relevante.
"E, por outro lado, com mais armas, qualquer interação tem maior probabilidade de acabar em fatalidade, seja uma briga de trânsito, uma discussão familiar que se tornou violenta ou um desentendimento de bar.”
Quando circunscrita ao ambiente doméstico, dezenas de estudos já apontaram para uma relação positiva entre o acesso de armas e a ocorrência de suicídios, especialmente entre jovens. Segundo pesquisa da Escola de Saúde Pública da Universidade Harvard, descartados todos os demais fatores de risco para suicídio, tais como doenças psiquiátricas, pobreza, desemprego ou dependência química, a chance de alguém se matar é maior numa residência com um revólver no cofre ou no armário.
"Se a posse de armas resolvesse o crime, os EUA teriam menos crime que a Europa", questiona o cientista político Benjamin Lessing, professor da Universidade de Chicago e especialista em crime organizado na América Latina. "E, se as armas não protegem os norte-americanos de criminosos individuais e 'mass-shooters', como vão proteger brasileiros de criminosos faccionalizados com armas de guerra?"
 Fonte- O Globo



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