sábado, 5 de janeiro de 2013

A mobilidade parou em Pernambuco


O ano 2012 terminou e numa reflexão direta, objetiva, crua e, principalmente, sem apegos, concluímos que a mobilidade parou em Pernambuco. Está tudo estagnado, de fato. Todos os projetos desenvolvidos ou prometidos na segunda gestão do governo Eduardo Campos não saíram do papel, enfrentam pendências ou, no máximo, são tocados a passos muito lentos, colocando em dúvida sua conclusão dentro dos prazos prometidos. O excelente desempenho do primeiro governo Eduardo Campos se perdeu nesse segundo mandato. 

Pelo menos até agora. Se na primeira gestão ele conseguiu imprimir a marca da mobilidade, conquistando importantes méritos, como a ampliação do Sistema Estrutural Integrado (SEI) – fez em quatro anos o que outros governos não conseguiram fazer em 20 ao construir seis novos TIs -  e viabilizando importantes projetos para a Copa do Mundo, tudo parou em 2012. Confira abaixo projeto por projeto e a situação atual de cada um:


Fotos: JC/Imagem

Fotos: JC/Imagem

LICITAÇÃO DAS LINHAS DE ÔNIBUS DA RMR

Numa coletiva comandada pessoalmente pelo governador foi anunciado o início do processo de licitação das 385 linhas de ônibus em operação na Região Metropolitana do Recife, um momento histórico para o sistema  de transporte. A forma de fazer a concorrência, como as linhas seriam divididas e as exigências para o futuro modelo foram apresentadas, inclusive com a garantia de que o serviço de ônibus sofreria um salto de qualidade, sem novos custos para os passageiros. Mas nada aconteceu. A primeira promessa foi feita em abril de 2012 e desde então a Secretaria das Cidades e o Grande Recife Consórcio de Transporte só desconversam quando a licitação é cobrada.

SISTEMA DE INFORMAÇÕES DOS ÔNIBUS

Em março deste ano o governo do Estado lançou o Sistema Inteligente de Monitoramento da Operação (Simop) com a promessa de que os passageiros passariam a receber informações, em tempo real, sobre  o tempo de viagem, a velocidade e o horário de chegada dos coletivos. Tudo via SMS e por paineis de LCD instalados nos terminais integrados. A previsão era de que seriam geradas informações para os usuários que estão nos TIs ou em uma das 6.238 paradas localizadas na RMR. Os horários de chegada e partida dos coletivos seriam anunciados nos painéis de LCD instalados nos terminais. Mas depois de 20 dias de funcionamento, com várias falhas, o serviço foi cancelado pessoalmente pelo governador e até hoje o Grande Recife Consórcio trabalha para relançar o edital de licitação.

Viaduto Parque Amorim


VIADUTOS DA AVENIDA AGAMENON MAGALHÃES

O projeto de mobilidade mais polêmico do governo Eduardo Campos está parado. O Estado se posicionou convicto de que deveria construir quatro viadutos transversais à Avenida Agamenon Magalhães sob o argumento de que, só com eles, teria como viabilizar a implantação de um trecho do Corredor Norte-Sul, uma via expressa que será operada por veículos BRTs (Bus Rapid Transit). 

Mas a proposta teve forte reação da sociedade e, com o tempo e as eleições municipais, o Estado foi esquecendo o assunto. Nos bastidores sabe-se que o projeto não é consenso internamente no governo. Um grupo técnico foi convidado para apontar vantagens e desvantagens da ideia e, como era de se esperar, ficou contra a proposta. O Estado foi obrigado pelo MPPE a realizar estudos de impacto, mas desde então evita o assunto.
  
TI Xambá_Marcos Pastich


TERMINAIS INTEGRADOS

Dos seis terminais integrados do SEI construídos por Eduardo Campos, três estão prontos há pelo menos quatro meses, sem funcionar: os TIs de Cajueiro Seco e Tancredo Neves, integrados com a Linha Sul do metrô, e o TI de Xambá, às margens da Avenida Presidente Kennedy, em Olinda. As duas primeiras unidades, segundo o próprio governador, esperam a chegada de novas composições do metrô para entrarem em operação. O TI Xambá estaria dependendo de ajustes no equivocado corredor da Presidente Kennedy, via que foi transformada em corredor de ônibus pelo Estado e a Prefeitura de Olinda, mas que é repleta de erros de planejamento e execução. 

O resultado é que os três TIs que deveriam estar atendendo mais de cem mil passageiros, ampliando as opções de transporte e agilizando o deslocamento dessas pessoas, estão prontos e fechados. Somente agora, no fim do ano, o Grande Recife Consórcio de Transporte veio afirmar que há uma expectativa de que o TI de Cajueiro Seco entre em operação entre janeiro e fevereiro de 2013, quando a CBTU planeja iniciar a operação do primeiro de 15 novos trens adquiridos para o sistema metroviário.

Rio-navegabilidade1


NAVEGABILIDADE DO RIO CAPIBARIBE – RIOS DA GENTE

Pensado há décadas, mas sempre visto como utopia por aqui, o Projeto Rios da Gente, que prevê a transformação do Rio Capibaribe em rota de transporte fluvial, também não avançou. Foi lançado pelo governo, mas gerou polêmica e, principalmente, foi questionado pelo MPPE diante da ausência de estudos de impacto ambiental. Por coincidência, depois que o MPPE exigiu a realização de EIA/RIMA, o comando da CPRH foi mudado. A agência tinha fornecido uma simples autorização para a dragagem do Rio Capibaribe, o que foi questionado pelo MPPE. Por enquanto, o projeto está parado.  A proposta era de que 13,4 quilômetros do Capibaribe se tornassem navegáveis, inicialmente com duas rotas, transportando 335 mil passageiros, ao custo de R$ 289 milhões.

CORREDORES NORTE-SUL E LESTE-OESTE

De fato, são os dois únicos projetos do governo do Estado que estão andando. A passos lentos, mas andando. O Corredor Norte-Sul terá, quando totalmente pronto, 45 quilômetros de extensão, ligando os extremos da Região Metropolitana do Recife – Igarassu a Jaboatão dos Guararapes. Na etapa que está sendo executada, irá apenas de Igarassu até o Terminal Integrado de Joana Bezerra. Já o Leste-Oeste ligará o Derby ao município de Camaragibe e é essencial para a Copa do Mundo de 2014. As obras estão sendo tocadas pelo governo, mas num ritmo lento . O Norte-Sul é o mais avançado, com a execução de viadutos. Já o Leste-Oeste repassa a impressão de que não ficará pronto a tempo dos jogos mundiais. Os dois serão operados por BRTs.

CORREDOR DA BR-101

O corredor da BR-101 ainda não tem sequer projeto executivo e depende da aprovação do Dnit porque a sua construção foi atrelada ao projeto de restauração do chamado contorno urbano que a rodovia federal faz do Grande Recife. A relação entre os dois projetos foi socilitada pelo governo do Estado para aproveitar a decisão da União de restaurar o trecho da BR. Mas nos bastidores comenta-se que o Dnit está resistindo para liberar o projeto porque quer esperar a construção do Arco Metropolitano, um novo corredor rodoviário que ligaria o Norte ao Sul do Grande Recife pela região Oeste. O Dnit estaria segurando a proposta do corredor na BR-101 temendo os engarrafamentos, já tão frenquentes na rodovia.

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