segunda-feira, 26 de março de 2012

O MARKETING POLÍTICO
NAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS



A principal tarefa de um político é atender às necessidades básicas de seu eleitorado, levando-se em consideração dois fatores primordiais: Os anseios gerais da sociedade e a plataforma programática de seu partido. Donde se conclui que a política está intrinsecamente relacionada à promoção de interesses e valores, segundo Gaudêncio Torquato, em seu livro Marketing Político e Governamental.

Segundo Harold Passwell, em seu clássico A Linguagem da Política, são oito os valores básicos para que uma pessoa ou um político possa se sentir bem e obter sucesso na prática política:

*Poder
*Esclarecimento
*Riqueza
*Bem estar (ou saúde)
*Habilidade
*Afeição
*Retidão
*Respeito

A política nesse mundo globalizado, tende a receber, no Brasil, tratamento cada vez mais profissional. Os tempos são outros, de mudanças e sofisticação com tecnologias da informação crescentes e cada vez mais exigentes a sociedade não admite improvisações. Logo o marketing político, está fadado a instalar-se definitivamente no País das eleições.

O ABECEDÁRIO DO MARKETING POLÍTICO

A - Escolher uma estratégia de marketing adequada.

Que podem ser o marketing: não diferenciado, diferenciado e concentrado.
- O não diferenciado serve para o político projetar sua mensagem de maneira massiva, dirigindo-se a todos os segmentos sociais indistintamente.

- Diferenciado é apropriado para o político planejar sua campanha com mensagens aos diversos segmentos de eleitores.

- O concentrado é adequado para se trabalhar especificamente determinada faixa de eleitores, concentrando-se a força da campanha numa única faixa do mercado.

B - Definir os segmentos – alvo e periféricos de eleitores

É tarefa importante, a localização geopolítica do eleitorado que se quer trabalhar e a identificação dos comportamentos do eleitor-alvo. Levando-se em consideração as pequenas distancias o baixo custo operacional e um grande volume de votos.

C - Saber ler o meio ambiente e identificar riscos e oportunidades.

Procurar interpretar as necessidades, percepções, preferências, motivações, satisfações desses grupos é, em última análise, embasar as campanhas com fortes tons de realidade, como por exemplo:
*O despertar da consciência política de segmentos estagnados (empresarial, estudantil, comunitários, etc). Fortalecimento das entidades representativas da sociedade civil organizada, os movimentos de massa.

D -Desenvolver um conceito e uma identidade.

Desenvolver um conceito é agregar a filosofia política do candidato, o estilo de conduta, as qualidades, os antecedentes, as características físicas e comportamentais, bem como as ações do candidato no binômio espaço x tempo.

E -Evitar situações, atos e discursos inadequados.

É importante observar os comportamentos inadequados, que abrangem o vestuário às maneiras, declarações, ações, apresentações pessoais, etc. Discursos, difusos, inconsistentes, confusos, afastam o eleitor. É necessário lembrar que muitos eleitores votam conscientemente. É importante lembrar alguns fatos: Roberto Magalhães perdeu as eleições para João Paulo, por praticar um ato obsceno (dar banana) a militância do PT em caminhada realizada em Boa Viagem.

F - Testar o conceito e a identidade antes do lançamento.

Principalmente para os candidatos de primeira viagem. Para os antigos, será útil um reexame de posições e valores que formam seu conceito. Não é sem sentido que muitas raposas políticas perderam eleições. Como exemplos: Lula, Miguel Arraes, Brizola, Roberto Magalhães, dentre outros.

G -Analisar os concorrentes e seu perfil político.

Conhecer os concorrentes, analisar seus potenciais, suas formas de condutas e os eleitorados-alvo que procuram atingir, constitui medida de amplo alcance, pelas possibilidades que oferece, pois, conhecendo bem os adversários um candidato fortalecerá sua estratégia de atração (política/financeiro/apoios). Em política, dependendo do tipo de eleição, o concorrente pode estar no mesmo partido ou na mesma coligação, principalmente em eleições proporcionais.

Com a instituição da fidelidade partidária imposta pelo TSE, no pós-eleitoral o seu principal concorrente – o primeiro suplente é um potencial adversário. O patrulhamento ideológico agora aumentou, como se não bastasse a Lei das Cassações – 9.840 e da Ficha Limpa.

H -Ganhar projeção em entidades representativas de classes.

É uma boa maneira de projeção política. Se puder receber apoio de entidades tipos: CDL, Sindicatos, Associações de Moradores, Movimentos Organizados, o candidato terá facilitado sua trajetória vitoriosa. Essas entidades representam uma gama de eleitores, que poderão se transformar em votos.

I - Ganhar confiança do Partido.

O candidato deve ser bem-visto pelo partido, principalmente, no que concerne a fidelidade ideológica e partidária. A máquina partidária pode ajudar no seu sucesso eleitoral. Alguns partidos usam como estratégia a concentração, isto é, priorizar determinado candidato.

J -Definir com muito cuidado a estratégia de comunicação.

Esse deve constituir-se um dos principais objetivos do candidato e uma das principais ferramentas do marketing político. Definir o composto comunicacional é selecionar a mídia de massa, os canais mais seletivos, os instrumentos de promoção. Costuma-se perder dinheiro, e conseqüentemente votos, quando não se racionaliza o pacote comunicativo, os programas de ação política deverão estar ajustados ao perfil traçado para a campanha.

K -Preparar um bom plano e um eficiente cronograma.

É importante saber que o candidato irá percorrer uma trajetória que passam pelos pontos de: Convenção, de desenvolvimento, pelo período de maturação e ponto de altura máxima, o pico. O calendário deve ser programado para o candidato atingir o pico da maturidade no dia da eleição, evitando assim o período de declínio (queda). Lembre-se que FHC, apoiado por Itamar Franco partiu de 2% e venceu Lula, que no mesmo período tinha 30%, ainda no primeiro turno.

L -Conseguir um sólido esquema de financiamento.

O candidato precisa se articular para conseguir um esquema de financiamento. São muito comuns os patrocínios empresariais a candidatos, até porque a lei eleitoral 9.504/97, permite. O que não pode numa campanha eleitoral é faltar recursos para concretizar o planejamento estabelecido (programas). O carisma do candidato pode garantir um bom posicionamento, mas é duvidoso fazer vitoriosos. Foram poucos os “mitos” na história política do Brasil. Os mais conhecidos foram Getúlio Vargas, Miguel Arraes, Leonel Brizola, e agora o nosso Lula, mas lembrem-se o apoio logístico é fundamental.

M - Arregimentar grupos para trabalhos voluntários.

Os grupos de voluntários são peças estratégicas de excelentes resultados nas campanhas eleitorais. Alguns políticos já usam essas estratégias, com grupos de amigos organizando encontros, reuniões, visitas, caminhadas, até torneio de futebol e dominó apresentando o seu candidato. O candidato deve está onde o eleitor está. Ocupar espaço é uma estratégia necessária em qualquer eleição.

N - Formar uma ampla base de alianças.

Essa base de compromisso é extremamente eficaz para a regionalização das campanhas eleitorais. A formação de alianças é uma iniciativa que deve ser tomada com bastante antecedência. Não se pode perder tempo neste setor. É bom lembrar que o período de convenções é de 10 a 30 de junho, daí para frente é só eleição. Uma base partidária ampla significa mais tempo no guia eleitoral, mais mídia institucional - as chamadas inserções de 30 segundos e o palanque eletrônico hoje é quem decide as eleições.

O – Escolher equipes profissionais de assessores.

É bom lembrar que equipes profissionais vêem o candidato como um produto que quer ter sucesso e planejam as medidas necessárias para isto, sem erros ditados por paternalismo e emocionalismo. Para certas tarefas o candidato poderá se utilizar dos amigos. Mas de um modo geral é um perigo deixar a campanha em mãos amadorista.

P – Ter disposição e método de trabalho.

A partir do momento que decide se candidatar o político se transforma numa espécie de ser coletivo. Logo, deverá ter disposição para participar de todos os acontecimentos sociais e significativos. O bom candidato não perde tempo, está sempre presente em todos os momentos políticos e sociais de relevo. É importante ser assíduo, pontual e obediente a sua assessoria. Pois quem não se planeja, não se estabelece, diz o ditado popular.

Q – Conhecer as pesquisas de opinião, mas não se impressionar.

O mais importante é não se impressionar com os resultados das pesquisas, sejam favoráveis ou não. Se a pesquisas merecem crédito, os resultados contribuirão para ajustar a campanha. Quando as pesquisas influenciam o ânimo do candidato, o sinal vermelho do perigo se acende. A frieza, nesses casos, é de fundamental importância. A pesquisa mede o desempenho do candidato naquele momento, logo um fato novo pode mudar o cenário eleitoral.

R – Realizar periódicas avaliações de desempenho.

É importante identificar periodicamente os pontos fortes e fracos da campanha, bem como os pontos fortes e fracos dos concorrentes, é medida mais que necessária. Essas avaliações são feitas pela equipe de assessores.

S – Ter flexibilidade e exibir jogo de cintura.

Com a política é a arte de engolir sapos. O político é o ser flexível por essência. Adapta-se às circunstâncias, veste-se de acordo, toma café da manhã com militantes, batiza filhos de amigos, solta preso, dá carta de recomendação para empregos. Logo a flexibilidade é uma marca da campanha de qualquer candidato.

T – Desenvolver boa presença em comícios.

O candidato deve procurar desenvolver certas habilidades no trato da palavra. Conhecendo o tipo de público que o assiste, será possível desenvolver uma linguagem adequada aos ouvintes. Exige-se boa presença até nos comícios-relâmpagos, palco adequado para frases de efeitos e massificação da campanha. Com o fim das apresentações de artistas em eventos eleitorais, levar o povo ao comício é tarefa das mais árduas.

U – Preparar-se para debates na mídia.

As eleições serão fortemente influenciadas pela mídia eletrônica. A TV, para muitos candidatos, será forte eleitor. Preparar-se para enfrentar debates na TV, nas emissoras de rádios, nas universidades e nas associações é medida de bom-senso. Papers especializados, preparados pela assessoria, constituem um bom indicativo. O debate é a oportunidade que tem o candidato para tirar partido das fraquezas dos opositores e conquistar os votos necessários.

V – Alcançar pontos de equilíbrio em todos os programas.

A tendência de alguns candidatos é reforçar certos programas, de acordo com sua personalidade e valores. O ideal é perseguir pontos de equilíbrio em todos eles, formando uma homogeneidade necessária à eficácia da campanha. É claro que tudo isso depende das regiões e do cronograma da campanha.

X – Convergir os enfoques, os apelos e os materiais para um mesmo ponto.

Cuidados devem se tomar para que a massa de apelos não prejudique a unicidade do discurso. O leque de situações variadas tende a fragmentar a direção de uma campanha.

Z – Fazer uma boa comemoração ou preparar-se para a próxima campanha.

Tudo terminado, o jeito é comemorar. E comemorar faz parte do MARKETING POLÍTICO. Se nada der certo não deve o candidato esmorecer. O bom político, no dia seguinte à eleição, está trabalhando para a próxima batalha. Portanto, mãos à obra. Mas, esperamos que tudo dê certo.


Do livro de Francisco Gaudêncio Torquato do Rego
Marketing Político e Governamental
3ª Edição da SUMMUS editorial LTDA

Adaptação as Eleições Municipais 

ILO JORGE DE SOUZA PEREIRA, LICENCIADO em matemática pela UNICAP/PE, PÓS-GRADUADO em Gerenciamento de Cidades pela UPE/PE, com ênfase em Gestão e Normas de Trânsito e Transportes Público de Passageiros e PÓS-GRADUADO em Gestão de Petróleo e Gás Natural pela FADEPE/PE, com ênfase em Logística de Transportes de Derivados de Petróleo, é atualmente Secretário de Segurança Cidadã, Trânsito e Transportes Urbanos da Prefeitura de Goiana-PE; professor das disciplinas de trânsito e transportes público do IGC- PE, professor de petróleo e gás natural do Grupo Microlins, professor dos Cursos de PÓS-GRADUAÇÃO da FACOL-PE; presidente do Conselho Municipal de Transportes de Goiana, para o biênio 2011-2013; presidente da JARI-Goiana, para o biênio 2011-2013; Autor de trabalhos científicos e artigos sobre trânsito, transportes público de passageiros, petróleo, gás natural e direito eleitoral, além do blog www.ilo-jorge.blogspot.com.

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