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sexta-feira, 28 de abril de 2023
Concurso para Guarda Civil Municipal em Olinda!
terça-feira, 11 de abril de 2023
Brasil registra nove ataques em escolas nos últimos nove meses
Estudo aponta que, nos últimos 21 anos, país registrou 22 ataques cometidos por estudantes ou ex-estudantes; casos cresceram nos últimos meses
Nos
últimos 21 anos, o Brasil registrou 22 ataques, em 23 escolas, cometidos por
estudantes ou ex-estudantes entre dez e 25 anos. Somente do segundo semestre do
ano passado até agora, foram nove atentados, que resultaram em sete mortes.
Nesta segunda-feira (27), a estatística aumentou com mais um caso de violência, desta vez na
EE Thomázia Montoro (SP), que deixou uma professora
morta.
Os
números fazem parte de um estudo, em fase de conclusão, realizado pela
professora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp) Telma Vinha, coordenadora do Grupo Ética,
Diversidade e Democracia na Escola Pública, do Instituto de Estudos Avançados da mesma universidade,
e por Cleo Garcia, advogada e mestranda na Faculdade de Educação da Unicamp,
ambas integrantes do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Moral –
Unicamp/Unesp (Gepem).
Conforme
Telma, o levantamento exclui casos que tiveram o planejamento frustrado – e, por isso, impedidos –, aqueles realizados por adultos
e os não planejados, ocorridos no momento de uma briga. “Só na semana passada
foram três casos desbaratados, o que nos mostra um cenário desafiador”, avalia.
Os dados
revelam ainda que, dos ataques registrados, 19 ocorreram em escolas públicas
(uma cívico-militar) e quatro, em escolas particulares. Para Telma, isso
comprova que esse tipo de violência pode acontecer em qualquer lugar. E,
segundo ela, vários fatores levam a crer que, infelizmente, ainda vão acontecer
de fato.
Extremismo e ataques em escolas
Ao longo dos
anos, os fatores que levam crianças e jovens a realizar esse tipo de ação
mudaram. Se antes a principal motivação era o bullying, hoje, explica Telma,
além de algum sofrimento vivido pelo estudante, os casos se relacionam ao
consumo de cultura extremista. E o pior, a sociedade vive um momento em que se
encoraja, direta ou indiretamente, atos agressivos e de violência.
“Muitos viveram momentos ruins na escola e acabam tendo ligação com esses grupos extremistas que fomentam racismo, xenofobia, enfim, o discurso de ódio. E, se antes esses grupos estavam na deep web [zona da internet que não pode ser detectada facilmente pelos tradicionais motores de busca e tem pouca ou nenhuma fiscalização], hoje eles estão nas redes sociais. Muitos são cooptados nas plataformas de jogos online”, detalha a professora. E, nesses ambientes, crianças e jovens aprendem como e são incentivados a realizar ataques.
Os
papéis da escola e da sociedade
Telma
frisa que a escola não é a única responsável, mas precisa trabalhar essas
temáticas e abrir um canal de escuta para apoiar crianças e adolescentes.
“Espaços de mediação de conflitos e
rodas de conversa são importantes.” Porém, mais do que isso, a especialista
afirma que é preciso haver uma responsabilização coletiva – a união entre escola e famílias, mas principalmente uma
participação dos governos com políticas públicas.
“E quando
falamos de política pública, não estamos falando de policiais dentro da escola,
mas de programas escolares e também de assistência social e de saúde mental para
apoiar os estudantes. De uma forma mais ampla, também estamos falando de uma
política de controle de armas, por exemplo, já que muitos atentados foram com
arma de fogo. Não se pode levar para o individual o que é responsabilidade de
todos.”
Senado aprova requerimento proposto por Teresa para discutir violência nas escolas
O Brasil
registrou 22 ataques violentos em escolas entre 2002 e 2023, dos quais dez
aconteceram nos últimos dois anos. O levantamento, feito pela Unicamp, aponta
para a necessidade urgente de atuação na prevenção desse tipo de crime, que
vitima estudantes e profissionais da Educação.
O Senado Federal vai
entrar nessa discussão. A senadora pernambucana Teresa Leitão, titular da
Comissão de Educação, apresentou requerimento para a realização de audiências
públicas em busca de soluções viáveis para o problema. O requerimento foi
aprovado há pouco pela Casa.
Em entrevista à Rádio Senado, Teresa Leitão lembrou que
“a necessidade de afirmação da violência como método foi muito praticada nos
últimos quatro anos”. Para ela, o desmonte dessa cultura de violência cabe à
sociedade e também à escola, “com seus projetos pedagógicos que possam semear
concórdia, fraternidade. É ter de fato um ambiente saudável”.
A senadora pontua que a origem do problema é o culto à
violência, e as soluções precisam ser pactuadas com a sociedade e os governos.
“O objetivo da audiência pública é ouvir especialistas a partir de um debate
com os órgãos públicos, ouvindo também os senadores e as senadoras para que a
gente tenha soluções viáveis para enfrentar essa violência dentro da escola. Os
ataques são a crianças, a estudantes, a professores, a profissionais da
Educação. Mas também atacam a própria instituição escolar”.
A iniciativa da audiência pública no Senado se soma às
medidas já anunciadas pelo governo federal. Foi criado um grupo
interministerial para atuar na questão; um canal exclusivo para receber as
denúncias; e a liberação de R$ 15 milhões do fundo de segurança para o Programa
Ronda Escolar.
Por Magno Martins - Edição de Ítala