Um dos principais temas usados pela campanha de
Jair Bolsonaro (PSL) à Presidência, a segurança pública permanece
um ponto de interrogação entre os órgãos da União que atuam no
setor.
Bolsonaro e seu núcleo de campanha não explicaram o que
pretendem fazer nem quem seriam os prováveis candidatos a dirigir a
Polícia Federal e o Ministério da Segurança Pública. O mesmo vale para a Polícia Rodoviária
Federal e o Depen (Departamento Penitenciário Nacional).
“Aguardamos a abertura de um diálogo logo
após a eleição. Não sabemos ainda quais são os planos para a
Polícia Federal. Esse silêncio deixa a classe dos delegados um
pouco nervosa. Todo mundo quer saber o que Bolsonaro pretende fazer
na PF”, disse na sexta-feira (28) Edvandir Paiva, presidente da
ADPF (Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal).
Durante a campanha, a ADPF entregou ao filho do
presidente eleito, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), uma
lista de reivindicações para o setor, mas não houve resposta.
Entre as prioridades está um antigo pedido, a fixação de um
mandato para o diretor-geral da PF de três anos prorrogáveis por
mais três.
Além disso, a contratação de pelo menos 4.000
servidores para cargos já criados mas não preenchidos. Notas
publicadas pela imprensa nos últimos dias com fontes não
identificadas sugerem que Bolsonaro poderia indicar para o cargo o
deputado estadual eleito Fernando Francischini (PSL-PR). O nome causa
controvérsia entre os delegados porque seria o indicativo de uma
influência política sobre os rumos do órgão como há muito não
se via. Francischini foi um dos articuladores políticos da campanha
de Bolsonaro.
O atual diretor-geral, Rogério Galloro, tem
enviado sinais de que gostaria de permanecer no cargo porque entende
que a corporação necessita de certa calmaria. Contra Galloro,
contudo, tem pesado recentes acontecimentos que geraram comentários
negativos no grupo mais próximo a Bolsonaro. Primeiro ocorreu o
atentado contra o candidato, em 6 de setembro, em Juiz de Fora (MG).
Bolsonaro se expôs ao permitir que fosse
carregado por partidários na rua, mas seu círculo próximo externou
críticas ao esquema de segurança da PF. Dias depois, a PF retirou o
delegado encarregado, Daniel França, considerado um dos melhores
quadros da corporação na segurança de autoridades. Na sequência,
o próprio Bolsonaro atacou o delegado que preside o inquérito que
investigava a tentativa de homicídio, Rodrigo Morais.
Morais e a PF reagiram dizendo que a
investigação é técnica. Todos os indícios coletados no inquérito
que investigou o crime apontaram para uma ação isolada do autor,
Adélio Oliveira.
Causa apreensão o boato, não
confirmado, de que Bolsonaro poderia indicar um general de Exército
para substituir o atual ministro da Segurança Pública, Raul
Jungmann.
Fonte:
COLUNA PAINEL DA
FOLHA DE SP
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