quarta-feira, 31 de outubro de 2018

PLANO DE BOLSONARO PARA SEGURANÇA AINDA É INCÓGNITA NO SETOR



Um dos principais temas usados pela campanha de Jair Bolsonaro (PSL) à Presidência, a segurança pública permanece um ponto de interrogação entre os órgãos da União que atuam no setor. 
Bolsonaro e seu núcleo de campanha não explicaram o que pretendem fazer nem quem seriam os prováveis candidatos a dirigir a Polícia Federal e o Ministério da Segurança Pública. O mesmo vale para a Polícia Rodoviária Federal e o Depen (Departamento Penitenciário Nacional).
Aguardamos a abertura de um diálogo logo após a eleição. Não sabemos ainda quais são os planos para a Polícia Federal. Esse silêncio deixa a classe dos delegados um pouco nervosa. Todo mundo quer saber o que Bolsonaro pretende fazer na PF”, disse na sexta-feira (28) Edvandir Paiva, presidente da ADPF (Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal).
Durante a campanha, a ADPF entregou ao filho do presidente eleito, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), uma lista de reivindicações para o setor, mas não houve resposta. Entre as prioridades está um antigo pedido, a fixação de um mandato para o diretor-geral da PF de três anos prorrogáveis por mais três. 
Além disso, a contratação de pelo menos 4.000 servidores para cargos já criados mas não preenchidos. Notas publicadas pela imprensa nos últimos dias com fontes não identificadas sugerem que Bolsonaro poderia indicar para o cargo o deputado estadual eleito Fernando Francischini (PSL-PR). O nome causa controvérsia entre os delegados porque seria o indicativo de uma influência política sobre os rumos do órgão como há muito não se via. Francischini foi um dos articuladores políticos da campanha de Bolsonaro.
O atual diretor-geral, Rogério Galloro, tem enviado sinais de que gostaria de permanecer no cargo porque entende que a corporação necessita de certa calmaria. Contra Galloro, contudo, tem pesado recentes acontecimentos que geraram comentários negativos no grupo mais próximo a Bolsonaro. Primeiro ocorreu o atentado contra o candidato, em 6 de setembro, em Juiz de Fora (MG).
Bolsonaro se expôs ao permitir que fosse carregado por partidários na rua, mas seu círculo próximo externou críticas ao esquema de segurança da PF. Dias depois, a PF retirou o delegado encarregado, Daniel França, considerado um dos melhores quadros da corporação na segurança de autoridades. Na sequência, o próprio Bolsonaro atacou o delegado que preside o inquérito que investigava a tentativa de homicídio, Rodrigo Morais.
Morais e a PF reagiram dizendo que a investigação é técnica. Todos os indícios coletados no inquérito que investigou o crime apontaram para uma ação isolada do autor, Adélio Oliveira.
Causa apreensão o boato, não confirmado, de que Bolsonaro poderia indicar um general de Exército para substituir o atual ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann.
Fonte: COLUNA PAINEL DA FOLHA DE SP


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